domingo, 3 de janeiro de 2016

Capitulo Trinta e Dois Ponto Um

(...)


Enquanto procuravam pela cozinha, ou refeitório, que fosse, encontraram um salão de estudiosos, cujo líder expôs sua posição ao trio:
_ Esta terra é uma área de testes para Solaris. Os objetivos deles são engenharia genética, cruzamento das espécies e controle da mente... Eles querem conseguir dados para os organismos recém-criados e dados gerais de combate. Os Cordeiros são apenas criação a ser cultivada para os propósitos de Solaris. O ‘Ethos’ foi estabelecido principalmente para controlar os Cordeiros.
_ Quê?! – Bart admirou-se – Coletar dados de combate?! Então, essa guerra que durou centenas de anos no Continente Ignas... foi só uma farsa planejada por Solaris?!
Elly meramente acenou afirmativamente com a cabeça, sem nada mais para dizer. Mas o estudioso interveio:
_ Não é uma farsa. Para eles, é um estímulo importante sob restrições severas. Criar organismos apropriados que possam se alinhar com as ‘Relíquias Anima’ é um dos objetivos importantes para eles. De qualquer forma, os Cordeiros continuarão a ser as cobaias de Solaris a não ser que alguém os impeça.
Fei acenou afirmativamente com a cabeça. Uma forma mais velada, sem dúvida, mas também aqui havia alguém para tentar convence-los a lutar ao seu lado.
Vagaram mais pelo palácio. No subterrâneo, encontraram o estranho bloco de prisioneiros, que não era usado desde a época da guerra, quinhentos anos antes. Prisioneiros e criaturas perigosas tinham sido congelados e mantidos em animação suspensa ali, o que parecera crueldade demais mesmo depois de tanto tempo. Várias pessoas nos salões comentavam sobre a guerra, sobre Maria e seu pai e sobre os Três Sábios de Shevat, desaparecidos havia algum tempo. Por fim, através das pessoas, encontraram o refeitório e dirigiram-se para lá, e uma bela senhora os recebeu com um sorriso no rosto.
_ Ah, bem-vindos! Você parece ótimo, Fei.
O rapaz admirou-se, vendo um rosto familiar num lugar tão inesperado. E totalmente alheia à confusão no rosto de Fei, ela prosseguiu:
_ A refeição vai estar pronta em breve. Por favor, juntem-se a nós e comam ate estarem satisfeitos.
_ ...!? Yui?! P-por que..., o que está fazendo aqui...!?
_ Ah, eu não disse antes? – Yui sorriu em resposta – Eu nasci aqui. Depois que deixou a vila, eu decidi voltar para Shevat juntamente com os sobreviventes da vila. Porque os soldados de Aveh e Kislev ficavam aparecendo por lá...
_ Entendo...
Fei lembrou-se de ter visto o imenso disco voador, Shevat, enquanto procurava por Citan no deserto. Então era isso; decerto, a terra flutuante resgatara o povo de Lahan naquela ocasião, antes que muitos soldados de Aveh ou Kislev aparecessem.
_ Eu lamento muito, por causar tantos problemas a vocês.
_ O que está dizendo? – Yui admirou-se – Não é culpa sua. Não há nada com o que se preocupar. O povo da vila entendeu depois que vieram para cá e ouviram a história. Não puderam culpar apenas você por aquele incidente, porque Solaris estava por trás dele.
_ Sim... mas...
_ Com licença, mas... – Bart parecia confuso – quem é a dama?
_ Ah, é verdade – Fei voltou-se para ele – Você ainda não a conhece. Essa é a esposa do Doc, Yui.
_ A esposa... do Citan?!
_ Ah, entendo – Yui sorriu candidamente para Bart – Você é Bart, o Orca do Deserto, certo? Ouvi muito falar em você; andou muito ocupado. É um prazer conhece-lo.
_ É... Sim! – Bart pareceu visivelmente sem jeito, sacudindo a cabeça – P-prazer em conhece-la!
Foi muito engraçado, a ponto de Fei abafar o riso com a mão. Yui era mesmo muito bonita, mas era impressionante o quanto Bart havia ficado sem jeito; ele obviamente não pensara que Citan fosse casado e, se tivesse pensado, não imaginara que a esposa do Doc fosse como Yui.
Eles ouviram mais sobre a lenda do gênese, quando os humanos habitavam o paraíso Mahannon com Deus, e comeram um fruto proibido que lhes deu inteligência, mas enfureceu Deus, que os baniu para a Terra. De lá, os humanos teriam criado doze ‘Relíquias Anima’ para lutar contra Deus e retornar ao seu lugar de direito, mas ainda que poderosas, as relíquias não puderam resistir ao poder de Deus, e o mundo banhara-se em sangue, até que apenas homens de coração correto restaram para habita-lo. No entanto, mesmo Deus estava exausto e ferido depois da batalha de dez dias e dez noites, e aguardava-se que um dia ele retornasse de seu lugar de descanso, Mahannon, para dar aos descendentes dos homens de coração correto uma mão de auxílio.
Outra coisa que ouviram e que chamou-lhes atenção foi quanto a ‘Diabolos’, um exército de ‘anjos da morte’ sem rival, sem qualquer medo ou clemência, cujo único propósito parecia ser erradicar toda a vida do planeta, que surgira no meio da disputa entre os humanos quinhentos anos antes, e que os destruía indiscriminadamente, e apenas pela união dos esforços de Roni Fatima, Rainha Zephyr e outros jovens que pilotaram os lendários Omnigears em sua época, o coração de Diabolos pudera ser destruído. Para Bart, foi particularmente interessante que seu ancestral tivesse lutado ao lado da Rainha contra Solaris.
A decisão do trio veio ao final de seu reconhecimento do castelo, e dirigiram-se para a sala do trono onde a Rainha Zephyr os aguardava.
_ Já se decidiram?
_ Meu coração já está resolvido – Fei olhou para os colegas – E acho que posso falar pelo Bart e por Elly, também. Vamos fazer o que pudermos por vocês.
_ Muito bem...
A Rainha ainda sorria quando um tremor intenso sacudiu a sala do trono, e todos olharam em volta.
_ Que tremor foi aquele...?
Em resposta a Fei, as portas se abriram e Maria entrou correndo, dirigindo-se diretamente à Rainha.
_ Majestade, aquilo foi o inimigo...?
_ Alteza! – um soldado entrou – Algo horrível acaba de se passar...!!
_ Qual o significado disso? – Zephyr indagou.
_ Sim! Isso é... Temos um intruso na área do convés! O gerador do Portão foi destruído...!
_ O quê?!
_ Relatório de danos? – perguntou a Rainha.
_ S, sim! Os sub-sistemas estão destruídos... A geração do Portão caiu em 70% do normal! Estamos nos dedicando totalmente a enfrentar o incêndio e a fazer os reparos... Ainda assim, pode levar algum tempo!
_ E quanto ao intruso?
_ Sim, nós acreditamos que seja um único soldado da Gebler. Parece que o indivíduo fugiu para o hangar número 17!
_ Hangar 17?! – Maria alarmou-se – Seibzehn...!!
E fez menção de correr imediatamente para lá, mas a Rainha a deteve.
_ Maria, espere! É perigoso demais que vá por si mesma.
_ Mas... – a menina voltou-se – Não podemos simplesmente deixar o espião à solta...!
_ Alteza – tornou o soldado – temos nossas mãos cheias apenas enfrentando o fogo no gerador do escudo. Se alguém não fizer alguma coisa, é possível que tenhamos ainda mais perdas...!
_ Vou ficar bem – Maria assegurou – Eu posso ir sozinha...!!
_ Maria, o que pode fazer agora, quando nem sequer tem Seibzehn?
_ ...! Mas...
Fei, Elly e Bart se entreolharam. A escolha quanto ao que fazer era óbvia.
_ Então, podemos ir até lá embaixo e acompanhar Maria? – Fei perguntou à Rainha – É a Gebler, certo? Ainda estou aborrecido com eles. Eu vou pegá-los.
_ ... Está bem assim para você, Fei? – perguntou a Rainha – Por favor então, tomem conta de Maria. E cuidem-se lá fora.
Os três curvaram-se, e foram em direção à menina, que os chamou com um sorriso agradecido no rosto.
_ Então, vamos todos juntos.

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