sábado, 26 de novembro de 2016

Capítulo Cinquenta e Dois

Capítulo 52 – El Regulus



Uma visão assustadora esperava por Elly em Golgoda. O novo Gear de Ramsus e o Omnigear de Miang, à frente da guarda de Krelian, não causavam a ela sequer metade da apreensão de ver os Gears e Omnigears de seus amigos pendendo de cruzes escarlates. O Fenrir de Citan... O Seibzehn de Maria... O Andvari de Bart... E, na parte mais alta do monte, Weltall-2, tão danificado e incapaz de salvar seu mestre quanto os demais. Entre os prisioneiros das forças de Krelian, Citan foi o primeiro a reconhecer o Omnigear de Shevat e sua piloto:
_ Elly?!
_ Sua idiota! – Fei se debateu em suas amarras, incapaz de se libertar – Por que você veio até aqui? Krelian está atrás de você! Esqueça de nós! Fuja e se salve!
Mesmo assim, ele sabia em seu íntimo que ela não o faria; não era algo típico de Elly. Nunca, mesmo nos lampejos de memória...
_ Eu vim como você disse – ela estava respondendo – Sou a única de quem você precisa. Eles não têm nada a ver com isso. Então, deixe Fei e os outros irem!
_ ... Que galante da sua parte, Elhaym – Krelian murmurou após um momento, quase parecendo lamentar – É como se aquela cena do passado tivesse sido trazida de volta à vida no presente.
Ele contemplou a máquina que Elly pilotava e acenou com a cabeça, pensativo:
_ Então, você veio em um Omnigear... Este também é... ‘o Gear dela’. Hmmm... Permita-me confirmar uma coisa.
Ele fez um sinal com a mão, e dois Gears da guarda pessoal de Krelian adiantaram-se, ficando entre Regulus e Golgoda.
_ Considerarei que tipo de tratamento seus amigos vão receber... Com uma condição. Que primeiro você derrote estes dois homens aqui com esse Gear no qual veio... Que tal, Elhaym?
_ Esqueça, Elly! – Fei gritou – Ele está armando alguma coisa! Não aceite!
_ Fei tem razão! – Citan apoiou – Krelian não é um homem de palavra, e sempre tem motivos posteriores quando fala gentilmente com alguém! Mais ainda, estes homens são máquinas de luta criadas por Krelian! Suas habilidades de combate são imensuráveis! Não são oponentes que você possa enfrentar sozinha! Não aceite a oferta dele! Escape enquanto pode!
_ Ora, por favor... – Krelian retrucou suavemente – Críticas tão pesadas... Não sou tão brutal. E então, o que vai ser, Elhaym? Mesmo que tentasse fugir agora, não é provável que fosse escapar. Como pode ver... Toda esta área está cercada pelos meus guardas!
Em silêncio, Elly comprovou o que ele dissera. Os céus até onde Regulus podia alcançar tinham um anel de Gears inimigos cercando o perímetro. Não poderia fugir, ainda que quisesse.
_ Não seria lógico fazer a escolha onde você ainda pode ter alguma chance? Por menor que ela possa ser...?
_ Muito bem então – Elly respondeu, tentando não ouvir a voz de Fei e seus próprios temores – Farei o que você diz.
_ Bom – Krelian acenou, visivelmente satisfeito – Você de fato é minha pequena ave preciosa. Agora, adiante com isso!
Regulus pousou diante de Golgoda em posição de defesa, parecida com Vierge mas de aparência mais imponente. Em sua poltrona, concentrada para o duelo, Elly pensava para si mesma:
_ Se isso der a Fei e a eles sequer a menor chance de escapar, então eu vou lutar! Não me importo mesmo que custe a minha vida!!
Diante dela pousaram os dois Gears especiais, um deles semelhante a uma espécie de dragão verde com lâminas móveis brotando de suas costas e o outro, um humanóide de feições de caveira, com uma bola de ferro maciça no lugar da mão direita e um imenso escudo giratório na mão esquerda. E os dois investiram sem aviso contra ela.
_ Rápidos demais!!
Primeiro as garras do dragão golpearam no que parecia ser uma combinação de três Níveis de Ataque em um, e quando ela tentou revidar, o imenso Gear de Rattan atacou, com a bola de ferro e depois o escudo, lançando Regulus para trás.
_ Sobrepujada... Mesmo no meu Omnigear... Mas...
Regulus ergueu-se depressa, embora Elly tivesse a nítida sensação de que parte dos danos causados a seu Gear estavam se refletindo em seu próprio corpo. Mas sua determinação permanecia.
_ Eu não posso simplesmente... Não... Não desse jeito...
Seus Turbos foram ativados, e o Omnigear de Shevat investiu novamente, atacando mais depressa.
_ Eu não posso perder!!
Regulus avançou sobre Rattan, os chutes e golpes de seu bastão numa velocidade quase celestial quando comparados à ‘Tempestade’ de Vierge. Poucos golpes entraram, no entanto, a maioria repelida ou contida pelo grande escudo enquanto Elly se esforçava.
_  P-preciso... de algum modo... deter... movimento...
O segundo Gear investiu por trás, aparentemente sem ser notado. Quando suas garras caíram sobre a rival, porém, encontraram apenas o vazio enquanto Regulus girou entre os dois adversários e atacou também o dragão com uma versão melhorada da Tempestade, passando pela defesa do outro e derrubando-o.
_ Parou? É a minha chance! Haaaaaaaaaaaaaaaah!
Atacando deliberadamente o escudo de Rattan, Regulus aproveitou o apoio e saltou para mais distante, convocando então o ataque mais poderoso de ether de que dispunha.
_ Fantasma da Terra!
Uma emanação tremenda de energia da terra pareceu mover imensos rochedos sobre os dois Gears que a atacavam. Quando o efeito do ataque terminou, os oponentes estavam imóveis. Tal foi a surpresa que Elly quase baixou sua guarda.
_ Eu... Consegui?
Por um longo instante foi o que pareceu, e Elly pôde apenas ouvir seu próprio ofegar. Então, os dois Gears vivos puseram-se de pé bruscamente, sem parecer seriamente danificados.
_ C-como pode ser...? Eu pensei que tivesse tido algum efeito...
_ Ô garota, isso doeu! – o dragão verde disse – Eu vou te dar o troco!!
_ Você errou em subestimar nosso poder!
Os dois lançaram-se ao ataque novamente, e embora Regulus tenha conseguido bloquear a primeira investida, sua guarda cedeu diante do primeiro impacto. A mesma velocidade e combinação de ataques dos dois, com um intervalo menor entre eles, e os dois revezando-se nos golpes, acabaram por derrubar novamente o Omnigear de Elly sob os olhares preocupados de seus amigos e a expressão indecifrável de Krelian. Era como se ele esperasse por algo.
_ Guh...! Huff... huff...
_ Hmmm, não estou recebendo resultados – analisou Rattan, enquanto Elly se esforçava para ficar de pé – Não podia ser evitado, Mugwort. Já está na hora de encerrar o trabalho.
As duas máquinas tornaram a atacar enquanto Regulus ainda se punha de pé, e os amigos de Elly podiam apenas observar com horror enquanto os golpes pesados ou cortantes dos oponentes se abatiam sobre o Gear de sua companheira.
Maria desviou os olhos, Citan e Rico observando com ar aflito, Fei se debateu inutilmente em suas amarras e Bart baixou o rosto enquanto o som de metal golpeando metal parecia alto demais e os ataques de Rattan e Mugwort lançavam Regulus de um para outro, detendo-se apenas quando ela caiu inerte.
_ Gahahahahahaha! Já desabou? É de se esperar. Fraturas múltiplas, perda maciça de sangue... Eu não ficaria surpreso se a cabine for um mar de sangue. Na pior das hipóteses, morte! Geh hah hah hah hah!!
E após um momento de silêncio, Regulus tornou a ficar de pé, parecendo ilesa, algo que Mugwort e Rattan definitivamente não esperavam.
_ O que...? Não há como você poder ficar de pé depois de sofrer tamanho dano...
Os visores de Regulus cintilaram e o Gear dragão verde explodiu sem aviso, uma descarga de reação no meio de sua fuselagem fazendo com que toda a sua estrutura se consumisse e desfizesse em milhares de fragmentos.
_ M-Mugwort?!!
Rattan voltou-se para Regulus, abalado mas irritado. Não compreendera bem o que tinha acontecido, mas a essa altura, não importava mais.
_ Ora sua...! Como ousa fazer isso ao meu parceiro!
Rattan atacou por cima, novamente parecendo rápido e forte demais para o Omnigear, mas Regulus voltou-se para ele e saltou, os dois se equiparando em velocidade por um instante enquanto os golpes da ‘Tempestade’ agora serviam para interceptar cada um dos ataques de Rattan.
Os dois caíram separados, ainda em postura de ataque e de frente um para o outro. Para a surpresa de Rattan quando se investiria novamente, havia várias marcas redondas marcadas no imenso escudo em seu braço esquerdo, que trincou e perdeu vários pedaços. A pesada maça de ferro não se despedaçou, mas as marcas perfuradas e amassadas para dentro também estavam lá, e era evidente que elas só podiam ter sido causadas pelos punhos e pelo bastão de Regulus.
_ O q-quê...?
Regulus tinha suas duas mãos voltadas para ele, as aletas de sua cintura inclinada e catalisando energia, que ela disparou num único feixe de reação e atingiu em cheio o tronco de Rattan, parecendo simplesmente atravessá-lo no primeiro instante.
E o imenso corpo máquina do auxiliar de Krelian explodiu, fragmentos espessos de metal atirados para todos os lados sem que ele sequer gritasse, antes de Regulus tombar sobre os próprios joelhos.
_ Não pode ser...! Elly...! – chamou Fei, sem resposta, enquanto Krelian aproximou-se do Gear imóvel parecendo menos preocupado do que curioso.
_ O verdadeiro despertar dela...? Ou meramente estava... ‘protegendo sua mestra’...? De qualquer modo, não altera o fato de que ela é a existência – Mãe – que estive procurando! Agora homens... Recolham aquela máquina. A prioridade é a segurança da piloto. Usem o que for necessário para preservar a vida dela!
_ Bem então – Krelian voltou-se para os prisioneiros – Estarei levando a garota comigo! Quanto ao resto de vocês... Por que não chafurdam pateticamente em sua fraqueza enquanto meditam sobre sua própria falta de qualquer poder verdadeiro?
Krelian e seus seguidores se retiraram, levantando vôo em seus Gears e aeronaves, mas Grahf ainda deteve-se por um momento diante de Fei.
_ Deprimente... Você não consegue proteger uma única mulher. Não vale sequer o esforço de colocar um fim na agonia de um destroço sem coragem como você!

<Fei>


Elly foi levada... E, como Krelian tinha dito a ela, fomos deixados vivos...

Krelian estava apenas mantendo sua promessa...? Não, não pode ser isso...

Tinha que haver alguma outra razão ‘real’ pela qual ele nos permitiu viver.
E tínhamos que descobrir isso...



E MEU NOME COMO UMA SOMBRA

sábado, 19 de novembro de 2016

Capítulo Cinquenta e Um Ponto Dois

(...)


<Elly>


Quando Fei e os outros chegaram à parte mais profunda de Mahanon, eu estava tomando conta das pessoas recém-mutadas em Nisan.
Pessoas mutando, uma após a outra.

Como num eterno pesadelo, que fez com que me perguntasse exatamente quanto mais teríamos que continuar cuidando deles...

Elly afastou-se dos pacientes, indo até a janela da Sala de Reuniões de Nisan, onde os pacientes recém-chegados estavam sendo mantidos e tratados, e olhou para fora com ar cansado. Sua mente e seu corpo estavam divididos naquele momento, e não conseguia se concentrar.
_ Você está bem?
Voltando-se, Elly deparou com a preocupada Margie, que tocou sua fronte e olhou bem para seu rosto.
_ Você não descansou nem um minuto, não foi? Eu posso cuidar das coisas sozinha por algum tempo. Por que você não sai para dar uma volta?
_ Obrigada – Elly meneou a cabeça – Mas eu vou ficar bem. Prefiro me manter ocupada, assim não vou me preocupar demais com as coisas.
_ Sério?... Ei! Elly, o que é isso?
_ Isto? – Elly remexeu em si mesma, seguindo o olhar de Margie até encontrar o crucifixo que Fei deixara.
_ Posso dar uma olhada?
Ainda no pescoço de Elly, Margie examinou o crucifixo atentamente por um longo momento antes de soltá-lo e concluir:
_ Exatamente como eu pensava... É o Pingente de Nisan. Mas, como foi que você o conseguiu, Elly?
_ É do Fei. Estou guardando para ele. Mas... – e Elly apertou o crucifixo entre seus dedos – A sensação é como se eu sempre o tivesse usado...
_ Hmmm – Margie afastou-se, voltando para olhar o semblante de Elly sob a luz da janela – Quando usa isso, você parece ainda mais com Sophia!
_ Mesmo? Hmm – Elly sorriu – Ficar me elogiando não vai levar a nada, viu? Bom, precisamos nos apressar e testar o novo supressor de mutação naquelas pessoas ali. Não podemos deixar que eles mudem ainda mais... Ah!
Enquanto voltava para o salão principal, Elly sentiu a corrente do crucifixo afrouxar-se de repente, e o pingente soltou-se, batendo contra o soalho com um retinir metálico de mau presságio.
_ Oh não... Aconteceu alguma coisa com Fei e os outros!
E sem dar atenção a quem quer que fosse, Elly correu para fora.

Tomada por um medo indescritível, eu decidi ascender até Shevat, que estava estacionada nos céus acima de Nisan. Esperando por mim havia uma transmissão de Krelian...

Ele me disse que se eu quisesse salvar Fei e os outros, eu teria que ir até Golgoda.

Krelian queria a mim.

A fim de salvar Fei e meus outros amigos, eu parti no último Omnigear restante em Shevat.

Meu medo prévio de utilizar essa máquina foi sobrepujado pelo meu desejo de resgatar as pessoas importantes para mim.

Regulus, era o nome pelo qual as pessoas de Shevat se referiam àquele Omnigear que tanto lembrava Vierge. Mais curiosa que o nome era a sensação de imensa familiaridade e tristeza que parecia permear a cabine do piloto desde o momento em que Elly tomara seu assento. E, mesmo sem nunca ter pilotado um Omnigear durante toda a sua vida, a moça sabia exatamente o que fazer e como operá-lo.
A intenção de Elly era partir sem causar comoção, mas ao captar a aproximação de cinco outros objetos voadores menores se aproximando em sua retaguarda, ela soube que não tivera sucesso. E sabia quem a estava seguindo.
_ Está falando sério quanto a ir sozinha, chefe?!
Renk, em seu Atirador, seguindo adiante dos outros quatro Cavaleiros da Gebler. Detendo-se no ar e voltando-se para eles, ela estabeleceu contato entre os comunicadores de todos.
_ Krelian me disse para ir sozinha. Não posso me permitir quebrar o acordo. Então, por favor, fiquem para trás e protejam a todos aqui.
_ Mas é uma armadilha! – Helmholz avisou.
_ Eu sei.
_ Então, por quê...? – perguntou Stratski.
_ Se eu não for, Fei e os outros serão executados com certeza – Elly meneou a cabeça – Krelian não se importa com mais ninguém, exceto eu.
_ Então, o que te faz pensar que ele vai manter sua parte na barganha? – quis saber Renk – Você tem algum modo de saber que definitivamente vai salvar seus amigos fazendo isso?
_ Não...
_ Tá vendo? Então é suicídio! – forçou Vance, e Regulus deu as costas a eles.
_ Pode ser. Mas... Eu cheguei tão longe por causa de Fei e dos outros... Porque eles me aceitaram como sua amiga.
_ Se você for embora – Renk perguntou – E quanto a nós...? E quanto a todas as pessoas que reuniu em Nisan, que está deixando para trás? Todos estão contando com você para ter apoio espiritual.
_ ... As pessoas em Nisan ficarão bem – Elly conseguiu sorrir – Eles podem ficar de pé por si mesmos sem qualquer apoio da minha parte... E isso também é verdade pra vocês todos, certo?
_ Mas – quis saber Broyer – Por que você faz tanto por ele...?
_ Eu não sei... Acho que é a prerrogativa de uma mulher ser egoísta... talvez.
_ Prerrogativa de uma mulher...? – perguntou Helmholz, confuso.
_ Eu não sou uma mulher santa de qualquer espécie – Elly meneou a cabeça, sorrindo serenamente – Sou só uma mulher comum. Eu me zango... Eu choro... Eu rio... Mesmo que às vezes eu possa me ressentir das pessoas, também sei como amá-las. Amar multidões inteiras às vezes... e amar apenas uma pessoa pelo resto do tempo.
E ela uniu suas mãos diante de si e baixou os olhos, seu Gear movendo-se como ela.
_ Eu fico na benção suprema quando sou abraçada pelo homem que eu amo. Dando o que tenho a ele, e recebendo o que ele me dá, nós nos tornamos uma só carne... Este é o momento em que eu fico mais em paz. É simplesmente minha prerrogativa como uma mulher querer salvar o homem que eu amo!
_ Chefe...
Vance, como todos os outros, ficara profundamente impressionado com o que Elly dissera, e nenhum deles encontrava qualquer outra coisa para dizer. Novamente meneando a cabeça, ela pareceu despertar.
_ Me desculpem... por dizer coisas tão egoístas. Eu vou agora, e farei tudo o que puder pelos meus amigos. Então, eu quero que vocês todos façam qualquer coisa que puderem pelos nossos amigos aqui. Bem... É melhor eu ir andando.
Não havia mais o que ser dito, ou modo de fazer com que ela mudasse de idéia. Nenhum dos cinco podia pensar em coisa alguma, nem mesmo Renk, e Elly partiu. 



COM OLHOS QUE VIGIAM O MUNDO

sábado, 12 de novembro de 2016

Capítulo Cinquenta e Um Ponto Um

(...)

_ Seibzehn, Ataque Meteoro!
O gear pesado de Maria caiu sobre Grahf pela esquerda, com força suficiente para deslocar mesmo o Omnigear de bronze. Aproveitando-se da surpresa dos dois, a menina pediu:
_ Fei, eu vou tentar ganhar algum tempo! Aproveite e concentre-se melhor na união com seu Gear! Não está rápido o bastante!
_ Maria...?
_ Não interfira – Grahf rolou, amortecendo o deslocamento e colocando seu Gear novamente de pé – Seu Seibzehn é poderoso, mas não é adversário para o meu Alpha Weltall, e este assunto não diz respeito a você.
_ Seibzehn, abrir Cápsula de Mísseis!
O Gear de Maria caiu sobre o joelho direito e os emissores de mísseis em seus jatos se abriram, disparando inúmeros projéteis de ether num arco amplo, tornando impossível que Grahf os evitasse.
_ Hnf.
Enquanto Fei inspirava e expirava, tentando regularizar a própria respiração e se concentrar, o Alpha Weltall avançou diretamente contra a salva de mísseis de Seibzehn, esquivando-se da grande maioria deles e golpeando os mais próximos com seus pulsos repletos do chi agressivo de seu mestre. Tão depressa ele avançou que pareceu surgir do nada de repente diante de Seibzehn, em posição para um chute de volteio.
Mas Maria antecipara um ataque frontal, improvável mas possível. O chute do Alpha Weltall passou onde Seibzehn estivera um instante antes enquanto seus jatos o colocavam na altura certa para o melhor ataque naquela posição.
_ Mega Martelo!
Os dois punhos pesados de Seibzehn caíram como marretas sobre o Gear de Grahf, mas foram bloqueados pelo pulso esquerdo dele. Diante da surpresa de Maria, a voz do adversário se fez ouvir, não sem admiração.
_ Impressionante. Muito bem...
As duas asas metálicas do Gear de bronze golpearam, tirando o equilíbrio e derrubando Seibzehn de costas no chão. Num movimento veloz, Alpha Weltall saltou e pairou sobre a forma caída diante de si, movendo os punhos como se golpeasse o ar na direção de Seibzehn e disparando rajadas maciças de chi como na técnica Fukei de Fei e Grahf. 
_ Uma adversária de respeito – disse o encapuzado, encerrando seu ataque e pousando com seu Gear novamente de braços cruzados – merece ser derrotada com força à altura.
_ Grahf!
Alpha Weltall permaneceu imóvel, enquanto seu piloto tomava conhecimento do Weltall-2 de Fei, sem parecer impressionado. A menina fora corajosa e garantira a ele tempo para sintonizar suas reações às do seu Gear. Mas não bastaria.
_ Está perdendo seu tempo.
Sem uma palavra, Fei lançou-se ao ataque com um Raibu, buscando o Alpha Weltall de Grahf com punhos explosivos para abrir sua guarda e depois derrubá-lo.
Em movimento reverso, usando pulsos, pernas e até suas asas de metal, o Gear de bronze do oponente bloqueou os ataques de Weltall-2 um após o outro. Enquanto via seu Nível de Ataque falhar, Fei admirou-se. Era como se o outro pudesse ler seus pensamentos!
Alpha Weltall afastou-se com um salto novamente, e pela segunda vez chutou na altura do tórax. Desta vez, porém, Fei deteve seu Gear com antecipação e também recuou, quebrando o padrão de Grahf.
_ O que?
_ Onda de Thor!
A onda de chi incandescente reuniu-se entre as palmas de Weltall-2 e jorrou sobre o oponente, que teve apenas tempo de se cobrir com as próprias asas metálicas.
Fei sabia que sua melhor oportunidade era continuar atacando. Enquanto o outro estivesse na defensiva, ele ainda podia vencer.
_ Inferno de Chamas!
Weltall-2 investiu-se da energia chi flamejante, enquanto Alpha Weltall desfez sua postura defensiva. O Gear negro lançou-se como um projétil sobre o Gear de bronze, e Grahf comentou com algum interesse:
_ Hm, obra de Taura, eu imagino. Interessante, mas...
A surpresa de Fei não teve limites quando, em meio à investida de chamas, seu Gear foi agarrado de frente pelo Gear de Grahf, ambas as versões de Weltall empurrando um ao outro de mãos presas em meio à aura de fogo que emanava ao redor deles.
_ ... C-como...?
_ ... não é o bastante.
Subitamente, Alpha Weltall saltou, ainda agarrado às mãos do Weltall-2, e chutou sua cabeça enquanto virava num salto mortal, e pousou sobre si mesmo quase sem sair do lugar enquanto o Gear de Fei tombava de costas.
_ Seus recursos técnicos melhoraram – Grahf dizia, como se desse um diagnóstico – Sua força, depois de tantas batalhas, também cresceu. Mas ainda falta uma coisa.
_ Droga...!
Instintivamente, Fei podia prever o que Grahf estava para dizer, e não gostava da idéia. Colocando Weltall-2 de pé, ele ativou o Sistema Id e se posicionou para atacar. Pouco importando o que viesse depois, ele precisava derrotar Grahf ali.
_ Weltall-2 em Modo Hyper...
Diante dele, o Alpha Weltall de Grahf assumiu uma postura de ataque semelhante, lançando-se sobre Fei ao mesmo tempo em que o rapaz completou:
_ ... Kosho X!
Como antes acontecera em Solaris, os movimentos de Fei foram duplicados integralmente por Grahf, Weltall-2 e Alpha Weltall batendo punhos contra punhos e girando ao mesmo tempo, o chute de um bloqueando o do outro e o encerramento do ataque, uma descarga maciça de chi de cada palma servindo apenas para empurrar um ao outro para trás, sem dano para qualquer um dos dois.
E Weltall-2 ergueu-se novamente, equilibrado sobre uma das pernas e vendo o outro fazer exatamente o mesmo. Sabia o que viria depois, mas isso também serviria, se pudesse ser mais rápido.
_ Goten X!
Os dois Gears, negro e de bronze, avançaram um sobre o outro e confrontaram chutes cada vez mais fortes, sem conseguir abrir espaço para um golpe certeiro. Giraram então, um chute final carregado de chi e lançando os dois Weltalls para trás. Mas o Gear de Grahf girou no ar e pousou de pé, enquanto o de Fei rolou pelo chão antes de conseguir se firmar. Deslizara e ganhara espaço, e agora podia avançar para o último ataque.
_ Weltall-2, Kishin!
_ Finalmente...
Novamente, os dois Gears começaram a se atacar, mas desta vez Weltall-2 começou a levar vantagem enquanto seus punhos, carregados de chi escuro, começaram a varar a defesa do Alpha Weltall de Grahf.
Então, a asa direita do Gear de bronze chicoteou para frente e cravou-se no tórax do Weltall-2, detendo seu ataque por um longo segundo. Um novo golpe, da asa esquerda, e a postura de ataque do Gear negro foi desfeita.
As duas asas chicotearam para baixo, e Fei sentiu os talhos nos ombros de Weltall-2 como se fossem no seu próprio corpo. Isso era a sincronização...?
E então Alpha Weltall atacou com seus punhos e asas no que, a princípio, parecia uma seqüência aleatória de golpes. Mas Fei conhecia aquela técnica.
“I-isso é... o Raigeki!”
Num último ataque, as duas asas e os dois punhos do Gear de bronze atingiram o Gear negro de Fei ao mesmo tempo, lançando-o ao chão com danos múltiplos em sua estrutura.
Fei ainda buscava clarear a cabeça, Weltall-2 começando a se erguer, quando ele notou a figura ameaçadora pairando com seus punhos em posição, um instante antes das descargas de energia explosivas de Grahf começarem a cair sobre ele. E o duelo acabara.

A figura imponente do Alpha Weltall de Grahf estava diante deles, de braços cruzados como de costume e claramente pronta para mais. Mas não havia mais o que ser feito.
_ Acho que é tudo o que pode levar por enquanto – Grahf murmurou, pousando diante de Fei – Está frustrado?
_ Uhhh...
Fei esforçou-se para ficar de pé, mas tudo o que conseguiu foi encarar Grahf com raiva. Era como se o outro soubesse o que ele estava pensando.
_ Mas isso é... ‘apenas natural’. Afinal de contas, você é imperfeito.
_ ‘Imperfeito’?!
_ Sim. Você está deficiente agora. A ausência de fúria é um impedimento para que utilize sua verdadeira força!
_ F-fúria...?
_ O impulso de massacrar e aniquilar, a compulsão de destruir seu oponente... – Grahf apertou o punho diante de si – Tal fúria é poder para a alma! Ao eliminar seu inimigo, você atinge sua primeira sublimação desse impulso. E é essa mesma sublimação que extrai os poderes ocultos dentro da pessoa! Mas, agarrar-se à razão, suprimir sua fúria e desejo, torna libertar seu verdadeiro poder um sonho dentro de um sonho para você.
Fei bateu o punho contra o piso. Em seu interior, ele sentiu algo rosnar em resposta à provocação de Grahf, e seu pulso formigou com a braçadeira de Taura. Ele sabia que Id, sem dúvida, não estaria no chão agora, nem seu Gear estaria impossibilitado de continuar lutando... mas...!
_ Você já sabe disso – murmurou Grahf – Quando a fúria aparecia em seu coração, a máquina respondia, não respondia? O que retirava tal poder de sua máquina era verdadeiramente o impulso de sua alma... Era o seu ‘Id’. O sinal de propósito que esteve procurando... A marca de um assassino nato!
_ E-está errado! – Fei finalmente ergueu-se, ficando de pé diante de Grahf – Isso é absolutamente falso! E-eu não sou ‘Id’! Eu...
_ O momento chegou... Eu tomarei sua alma, e extrairei seu poder até o limite!
Fei gostaria de se pôr em guarda, mas apenas ficar de pé parecia ter exaurido todas as suas forças, e a sombra negra de Grahf cresceu diante dele.
_ Basta!
Grahf voltou-se. Krelian, com a Executora ao seu lado, aproximava-se vagarosamente.
_ Hã? Pelo quê está me detendo!?
_ Ele é a isca. Se matar a isca, o pássaro precioso que desejamos capturar vai fugir.
As palavras pareceram atrair a atenção de Fei, mas não havia mais qualquer força restante nele, que tombou. E Krelian prosseguiu, olhando inexpressivamente para o rapaz caído.
_ Você sabe... Um pássaro muito importante... ‘necessário para cumprir meu mais precioso desejo’... Você entende, não entende, Lacan...?
Após um instante em silêncio, sem se mover, Grahf deu as costas a todos e partiu, rosnando:
_ ... Bom proveito.
_ Vamos crucificá-los – Krelian voltou-se para a Executora – Na terra de Golgoda, a oeste daqui. Reúnam todos os Gears danificados!

sábado, 5 de novembro de 2016

Capítulo Cinquenta e Um (agora sim)

Capítulo 51 – Merkava Chama


<Fei>

         Afastando as forças interceptoras solarianas, nós chegamos até o continente flutuante, Mahanon. Era o casco central de uma espaçonave colossal com um diâmetro de pelo menos 40 kelts.
         A julgar pela condição do casco, nós estimamos que a nave tivesse milhares de anos de idade.

         A Yggdrasil, tendo afastado os perseguidores mais próximos, manobrou sobre o que deveria ter sido a proa da nave que o paraíso – Mahanon – fora. Apesar de todos os milênios passados, um nome ainda era visível na proa: ‘Eldridge’.
         Sua ponte de comando, escura e desolada, repleta de assentos há muito abandonados, transmitia uma curiosa sensação de perda e tristeza.

         Foi determinado, ao examinar-se o interior dos destroços, que alguma espécie de acidente ocorrera nesta nave a cerca de dez mil anos atrás... O que forçou a sua queda em nosso planeta.

         Seres alienígenas que vieram ao nosso planeta de uma galáxia distante, a eons atrás...

         Seria possível que os nossos ancestrais fossem os passageiros desta nave, e que tivessem caído aqui, neste planeta...?

         Procurando deus e sua sabedoria divina... a ‘Árvore de Razael’ que, dizia-se, jazia aqui em Mahanon... nós seguimos adiante.

Um cilindro imenso ergueu-se numa das dependências da nave no momento em que Fei, Citan e Maria entraram, e mesmo os Gears pareciam minúsculos diante dele. Mais curioso, no entanto, era o seu conteúdo; algo que se assemelhava a uma figura humanóide cinzenta gigantesca, com asas tão amplas dobradas às suas costas que à primeira vista pareciam com o casco de uma tartaruga. Estava imerso em líquido protéico e, aparentemente, dormira durante todo o período de hibernação da nave.

Nas profundezas da nave, nós vimos uma forma de vida alienígena. Estava parcialmente apodrecido e petrificado... Um ser gigante e grotesco. ‘Ele’ passava um ar inexplicável de intimidação.

Talvez fosse mais do que uma reação instintiva.

Talvez fosse o medo do ‘Absoluto’ que vinha próprio âmago de nossos instintos hereditários.

Foi então que o sistema caiu. A iluminação daquela ala se foi, o cilindro começou a ser retirado para o subsolo mas, sem aviso, o ser imenso libertou-se e nos atacou. Sem outra alternativa lutamos, mesmo que ataque algum que fizéssemos causasse qualquer dano permanente.

Confesso que em mais de um momento, minha reação instintiva teria sido fugir, se houvesse como. E foi Maria quem descobriu como derrotá-lo.

_ Resistam como puderem, mas não ataquem! – Maria alertou a Fei e Citan, mantendo Seibzehn em guarda e ativando a restauração de sistemas – Ele vai acabar caindo sozinho!
_ Como é? – Fei não podia acreditar, Weltall-2 já preparado para investir de novo, agora que o Sistema Id fora ativado, mas Citan murmurou:
_ Poderoso demais... Como foi que não percebi isso antes?
_ Hein? – Fei voltou-se para o estudioso, um pouco incomodado por ser o único que não estava entendendo – Do que está falando, Doc?
_ É presumível que este organismo seja, pelo menos, tão antigo quanto a própria nave, Fei – Fenrir manteve-se em guarda, a katana erguida e protegendo a própria cabeça, mas sem investir – E está manipulando uma quantidade considerável de poder. Agora me diga, o que acontece numa casa cuja fiação não é trocada por décadas, e onde os proprietários decidem usar geradores de carga intensa?
_ Mas... – Fei continuava incerto – estamos falando de um ser vivo...
O organismo fossilizado ergueu-se sobre três das quatro patas e golpeou, atingindo Seibzehn com uma palmada. Diante do olhar surpreso de Fei, no entanto, o Gear de Maria amorteceu a maior parte do impacto com seus imensos pulsos e deslizou para trás, resistindo quase sem dano ao ataque.
_ O princípio é o mesmo para qualquer coisa, Fei – Maria replicou, tornando a colocar seu Gear em guarda – Pressão demasiada sobre condutos deteriorados causa colapso do sistema. Mecanismos enferrujados, tubulações rachadas... Organismos sem exercício. Só temos que suportar mais do que ele.
Aquilo não parecia ser uma luta para Fei; por pouco menos de dois minutos, a criatura os atacou usando principalmente de força física e uma espécie de emanação de energia de alto nível, algo semelhante à descarga de energia do Alkanshel de Stone, mas imensuravelmente mais poderosa. Sentindo os efeitos nos sistemas de Weltall-2, Fei perguntou:
_ Maria, Doc... Vocês têm certeza? Se ele fizer isso outra vez...!
_ Continue em guarda, Fei! – Citan insistiu, enquanto Fenrir também não parecia em boas condições – Desvie combustível para os sistemas de auto-reparo se necessário, mas agüente firme! A julgar pelo esforço que fez até agora, a criatura não deve suportar muito mais.
Mal Citan repetiu seu aviso, o organismo fossilizado pareceu padecer, contorcendo-se como se sentisse dores internas horríveis, e tornou a emitir o pulso violento de energia. Desta vez, no entanto, como se mesmo extravasar sua dor o torturasse, o monstro não conseguiu mais do que derrubar os três Gears, e desabou sobre os próprios membros.
Fei voltou sua atenção para o monstro, temendo um novo ataque enquanto estava desprotegido, mas percebeu que se preocupara por nada. As duas asas imensas caíram de repente, desfazendo-se em pó aos poucos. E o mesmo começou a acontecer com diversas partes do corpo colossal do monstro, que deitou sua cabeça depois de um último gemido de dor. Enquanto os pilotos agiam como um, maximizando os sistemas de reparos dos seus Gears para poderem avançar, a plataforma onde a criatura estivera começou a retirar-se para o subsolo, e o organismo desintegrava-se aos poucos.
_ Aquele... era o poder supremo?

A coisa parcialmente apodrecida eventualmente se auto-desintegrou. E nós seguimos ainda mais adiante...

Weltall-2 foi o primeiro a adentrar a câmara central, as portas imensas abrindo-se para revelar uma câmara escura. Descendo adiante seguido dos amigos, Fei encontrou dois pilares dourados gigantescos que lembravam muito os cubos de memória, mas tão imensos diante dos Gears quanto a criatura anterior parecera.

Nós chegamos a uma caverna enorme que era grande o suficiente para engolir a capital de Aveh inteira. Em seu centro estavam dois objetos brilhando gentilmente.

Era a fonte da sabedoria divina... Era a ‘Árvore de Razael’. E a caverna em si era um computador gigante chamado Razael.

Espirais de luz esverdeada giravam interminavelmente ao redor dos pilares e Fei chamou atenção para eles, mas Citan o corrigiu:
_ Não são apenas ‘espirais’, Fei. São dados.
_ Dados?
_ Transmitidos diretamente do computador central – Citan confirmou, acessando um console diante dos dois – Reparou nas figuras demonstradas nos pilares? O da direita exibe claramente um livro aberto, e o da esquerda... Deus! Será possível?
_ Doc, o que foi?
_ Aqueles círculos... – Citan apontou para o pilar esquerdo – E as trilhas entre eles... Aquilo parece ser o ‘Caminho de Sephiroth’, mas não faz qualquer sentido...
_ Doc, espere um pouco, o que é esse ‘Caminho’...?
_ Mas o que isso estaria fazendo aqui...? – Citan prosseguiu, como se não tivesse ouvido Fei – A não ser que haja mais relacionado...

A sabedoria de deus, oculta dentro de Razael... Nós descobrimos o impensável quando acessamos seus dados.

Uma imensa arma estratégica sem piloto e seu batalhão de armas de interface terminal, viajando de sistema estelar para sistema estelar.

E uma nave mãe imensa usada para carregá-los...

A criação do anjo – Malakh... O exército de deus para reinar sobre o vasto universo com ele...

E a construção de uma arca divina.

Estas armas eram chamadas, ‘Yabeh’, o sistema de armas de invasão interplanetária.

O que o Ministério Gazel estava perseguindo estava bem aqui.

De acordo com os dados, o organismo gigante apodrecido que acabáramos de derrotar era de fato o núcleo deste sistema. Estávamos à beira de acessar os dados para o objeto chamado... ‘Zohar’.

... o circuito neural central e fonte de força controlando o sistema inteiro, das armas à nave mãe...

quando subitamente ‘ELE’ apareceu.

Ao redor da Árvore de Razael, uma armada imensa de Gears e seres convertidos em Gears desceu, formando um cerco. Adiante deles, obviamente liderando, estava o conhecido Gear de bronze de Grahf, acompanhado por Krelian.
_ Ah, os dados ocultos da Árvore de Razael... Afastem-se daí. Esta é uma questão muito além de complexa para tipos como vocês.
_ Nós temos que protegê-lo com nossas vidas! – Fei murmurou, os amigos se pondo em guarda – Não podemos deixar que eles fiquem com os dados de Razael.
_ Vocês cuidam deles! – Citan comandou, operando o computador tão depressa quanto seus dedos permitiam – Eu tentarei extrair tantos dados quanto puder! Se alguma coisa sair errada... eu destruirei este lugar!
_ E imagino que eu ficaria imóvel enquanto você age, caro Hyuga?
Fei não pôde ver de fato o que estava acontecendo a Citan quando Krelian avançou sobre o doutor porque, em sua tentativa de intervir, ele foi subitamente bloqueado pelo próprio Gear de Grahf, pousado diante dele de braços cruzados e tão parecido com Weltall.
_ Não vai interferir.
_ Saia do meu caminho!
Weltall-2 avançou com Turbos ativos e atacou seguidamente, vendo seus golpes serem repelidos um após o outro por acenos da mão direita estendida do Gear de bronze que apenas recuava, parecendo mais entediado do que em guarda. Saltando para trás, então, as asas metálicas abertas e pairando no ar, o Gear de Grahf chutou Weltall-2 na altura do peito e o lançou para trás, pousando sobre um pé só.
_ Lento demais.
Fei voltou-se, seu Gear se posicionando para tentar outra investida e tudo o que viu foi a máquina de Grahf sobre ele, rápido demais na defesa e no ataque para que ele acompanhasse.
_ Acabou.