(...)
_ Billy – o rapaz ouviu em seu
comunicador, enquanto o pai dava instruções – Se combinarmos os nossos Gears,
podemos atravessar aquela barreira com nosso poder unido. Eu vou pegar o seu
ombro emprestado por um momento, então começa a fazer mira!
_ Vamos acabar com isso de uma vez
por todas, hein Stein? – Jessie seguiu, agora se dirigindo ao Alkanshel – Mas,
eu quero que saiba... Você não vai ver Racquel quando morrer...! Isso, porque o
seu destino vai ser o inferno!
Outra vez, Billy admirou-se com o
pai. O pai não parecia acreditar em coisa alguma, e agora estava falando em céu
e inferno...! Mas Citan estava mais preocupado com outro aspecto que lhe
chamara a atenção.
_ Eu sabia! Jesiah está planejando usa-lo! Ele tem
que ser detido! Billy, pode me ouvir?! Billy...! Não adianta... Não há
resposta!!
_ Billy, você sabe agora, não
sabe?
A voz do pai era serena, e o rapaz
finalmente percebeu que era assim que ele se lembrava de Jessie. Ao seu lado,
no melhor ou no pior, como um verdadeiro pai deveria fazer. Ainda que ele
cometesse um engano terrível, Jessie sempre estaria lá por ele. Porque era seu
pai.
_ Os ensinamentos de Stein eram um
engano. Aquela fé fabricada era só um sistema mundial pra compensar pessoas com
almas frágeis. Mas, fé e Deus não são coisas que sejam dadas a você pelos
outros, certo? São coisas que você tem que descobrir dentro de si, e por si
mesmo. Coisas que não podem ser postas em palavras, coisas que não podem ser
expressas... Não é a respeito disso que se fala quando se fala em Deus? “Não
questiona a teu Deus, pois teu Deus não responde’”.
Uma lágrima deixou os olhos de
Billy e ele suspirou profundamente, sentindo a alma mais leve do que julgaria
possível um minuto atrás. Seu pai, um homem de fé...?
_ A razão pela qual ensinei você a
usar uma pistola quando criança foi pra salvar pessoas – Jessie seguiu, sempre
com sua voz tranqüila e baixa – Você diz que armas são só ferramentas para
matar pessoas. Mas está errado. ‘Armas’ não matam pessoas. ‘Pessoas’ matam
pessoas. Você por acaso já olhou as expressões daqueles Ceifadores que você
destruiu?
“É um processo excruciante ser
transformado num Ceifador. Pra acalmar sua dor tortuosa, eles procuram sangue
humano, e atacam pessoas a fim de consegui-lo. Mas, isso não elimina a
verdadeira dor em seus corações. Só há uma forma de ser salvo da dor. Através
do extermínio. Por acaso, todos aqueles Ceifadores cuja angústia foi encerrada
por você não tinham olhares de paz em seus rostos?”
“Sua pistola salvou aquelas
pessoas que foram tornadas em Ceifadores. Não é algo que qualquer um possa
fazer. A fé que capacitou você a conseguir tal coisa não foi engano... Deus
existe em seu interior!”
_ Pai...
Ele podia sentir agora. Estava lá,
onde sempre tinha estado. Um pouco ferida pelos eventos recentes, e pelo abuso
de sua confiança, mas sua fé fora renovada. E fortalecida pela força de seu
pai. Jessie, não Stone. Ele era Billy Lee Black, filho de Jesiah e Racquel. Um
Etone e um homem de fé. Não havia motivo para se envergonhar disso, ou se
arrepender.
_ Muito bem, agora vai Billy!
Vamos!
Renmazuo voltou-se, enquanto um
Gear branco menor, o Buntline de Jessie, saltou diante dele e dobrou-se
inteiro, tornando-se numa arma de disparo sobre seu ombro. Com um tiro
certeiro, ele atingiu Alkanshel e um estrondo luminoso fez até mesmo a
Yggdrasil estremecer sob eles. Na ponte de comando, os oficiais de Bart
exultaram:
_ A barreira... A barreira foi
eliminada!
_ Tarde demais... – murmurou Citan
desconsolado. E Stone não podia acreditar que Jesiah, mais uma vez, ficara em
seu caminho.
_ Gaaaahh...! M-Maldito Jesiah...!
_ Preocupe-se comigo, senhor –
Billy retrucou pelos comunicadores, o Renmazuo avançando de punhos em riste,
disparando. E desta vez, Alkanshel foi atingido, e Bart seguiu atrás com
animação.
_ É isso aí, aquela barreira já
era! Agora, outra vez... Sorriso Selvagem!
Novamente o Brigandier cruzou seus
pulsos diante dos olhos, e os efeitos foram imediatos, uma cegueira súbita
cobrindo os visores do Gear de Solaris, além de aumentar sua lentidão. Stone
rosnou por trás dos comandos:
_ Malditos... Eu não preciso
enxergar para acabar com todos... Limitação de Massa!
Uma onda de energia, um pulso
intenso irradiou-se da esfera do Alkanshel, fazendo os três Gears recuarem ao
mesmo tempo. O de Rico foi o primeiro a se reerguer, e o Campeão bateu em seus
instrumentos, aborrecido.
_ Droga... Aquela onda de energia deve
ter bagunçado com meus instrumentos... Perda de cinqüenta por cento da
capacidade...?
_ É uma técnica dos Gears de
grande porte de Solaris – Citan esclareceu pelos comunicadores de todos – Um
pulso intenso de energia que desgasta os sistemas de bordo e a estrutura do
exoesqueleto de Gears menores. Vocês precisam derrota-lo antes que tenha chance
de recarregar o disparador; talvez seus Gears não sobrevivam a outra onda deste
tipo.
_ Fale pelos outros – rosnou Rico,
deslizando adiante sobre as esteiras do Stier – Broca de Guerra!
Stier investiu contra o Alkanshel,
o primeiro soco seguido por um mergulho com sua broca. E recuou antes que o
Gear maior pudesse contra-atacar.
_ Anda Billy, faz a sua parte –
ordenou Bart – Rico te mostrou onde atirar; uma boa salva de tiros ali em cima
pode fazer o serviço! Eu mantenho ele ocupado!
Brigandier deslizou adiante e
bateu seus chicotes, fazendo Alkanshel recuar com o ataque. Renmazuo ergueu-se
e correu para direita, abrindo fogo com seus disparadores de pulso.
Stone sentiu a estrutura do
Alkanshel vacilar diante das balas de pólvora e ether de Billy, e amaldiçoou em
voz alta. Outra vez, Jesiah, e seus filhos!
_ Não desta vez... Não desta vez!!
O Gear imenso era lento, e pelos
efeitos do Sorriso Selvagem de Bart, estava praticamente cego. Mas ainda tinha
seus recursos.
_ Selo!
Os emissores da máquina de ether
do Alkanshel não precisavam de confirmação visual de alvo, podendo atingir um
inimigo próximo automaticamente, como Bart descobriu ao ser duramente derrubado
sobre o convés. E Rico, conhecedor de Gears, percebeu que o golpe podia ter
sido demais nas atuais condições do Brigandier.
_ Bart! Bart, como está aí?
Apenas estática veio pelo
comunicador a princípio; então, o rosto do pirata apareceu com cabelo sobre o
rosto e parecendo surrado, mas bem.
_ J-já estive... bem melhor...
ugh!
_ Com as defesas e o Gear
enfraquecidos por aquela Limitação de Massa, você tem sorte de ainda estar
respirando – Rico grunhiu – Recue. Eu dou apoio ao garoto.
_ Não... Espere aí – Bart olhou na
direção da proa do convés, onde Billy estava disparando com as pistolas de
Renmazuo. Alkanshel tornou a atacar, e Renmazuo recuou – Os efeitos do Sorriso
Selvagem... vão acabar logo. E aquela coisa vai recarregar a Limitação de Massa
pouco depois. Temos que pegar ele agora... e eu tenho um plano.
Renmazuo tombou para trás, rolando
e ganhando distância, enquanto Alkanshel tornou a utilizar o Selo. Um impacto
pesado tombou o Gear para trás, e Stone disse entre dentes:
_ Meus sistemas estão se
normalizando... Billy, arrependa-se agora! O castigo divino está sobre ti!
_ Você deve ter... mais razões
para teme-lo do que eu! – Billy também estava em situação difícil, como Bart.
Todos os seus instrumentos estavam indicando condição crítica, e Renmazuo não
se recuperaria dos danos antes da visão de Stone ser refeita. Havia um ponto
vulnerável onde Rico atacara com sua broca, mas não conseguiria alcançar aquela
altura sozinho em suas condições. Podia atirar de onde estava, claro; no
entanto, se pudesse atingir aquela abertura com sua ‘Pistola de Impacto’, no
ângulo certo...!
_ Anda Billy... – estática em seus
comunicadores - ... daí! Ele não vai ficar... sabia?
_ Bart?
Stier deslizou para frente,
encontrando Alkanshel com seu Grande Slam e fazendo o Gear de Stone recuar pelo
convés outra vez, batendo do lado direito. E o bispo finalmente localizou por o
atacante, seus visores clareando sensivelmente.
_ Hah... Outro pecador! É a hora
do seu julgamento...
Alkanshel ergueu seu punho
esquerdo, agora disposto a atingir Stier de cima para baixo e perfurar o convés
da Yggdrasil ou esmagar o oponente contra ele, o que fosse mais simples. Mas
não conseguiu atacar.
_ O quê...?
_ Vai, Billy! Rico...!
Brigandier deslizara pelo lado
oposto, aproveitando o momento em que Stier atacara. Bart usara seus chicotes
para prender o punho do Alkanshel, e estava usando cada gota de energia que
ainda tinha para isso. Era um risco que só lhes daria chance para atacar uma
vez, mas dada a habilidade de Billy, deveria ser suficiente.
Renmazuo correu para adiante, e
Stier firmou-se para servir de trampolim. Com o devido apoio, o Gear de Billy
saltou e subiu, alcançando o nível da abertura causada pela Broca de Guerra de
Stier.
_ Era isso! Pistola de Impacto!
Renmazuo golpeou pesadamente com
seus dois punhos o ponto já danificado. E sacou suas pistolas, disparando
repetidamente na abertura. E soltou-se, caindo para trás enquanto tornava a
disparar com seus pulsos. E uma explosão maciça da parte superior do Alkanshel
acompanhou o grito final do Bispo Stone, enquanto o imenso Gear caía ao mar e
enquanto o Gear de Billy tombava no convés.
_ É isso! – a voz de Bart exultou
pelos comunicadores, tanto quanto os danos permitiam – Billy, bom...! Muito
bem!
Ele sorriu com dificuldade. Seu
Gear tinha sido muito surrado, teria muito que explicar às crianças quando
voltasse ao orfanato... Mas primeiro, lembrou-se, tinha outra pessoa a ver.
_ ... Meu pai. Vocês o viram?
_ Billy, eu sinto muito – a voz de
Citan veio pelos comunicadores, e todos os que estavam festejando silenciaram,
sem entender por que o doutor parecia entristecido – O Buntline de Jesiah...
Aquela é uma pistola que utiliza seu piloto como munição. Para romper a
barreira de energia negativa de Stone, ele...
_ O q-quê?! E-então... Meu pai
está...? Ah, meu Deus...!
Pouco mais tarde, todos os Gears
tinham sido removidos para reparos, enquanto a Yggdrasil rumava para a Thames,
para cumprir a promessa feita ao Capitão. Bart, Citan, Rico e também Billy e
Primera estavam sobre o convés, contemplando o mar. No fundo do oceano jaziam
os restos do Alkanshel, de Stone e seu ódio, mas o preço que fora pago por tal
vitória era alto demais.
_ Papai...
_ Billy, eu realmente sinto muito
– Citan tocou o ombro do rapaz – Eu não deveria ter criado tal coisa...
_ Não, não é culpa sua...
Billy sacou suas pistolas e
disparou para o alto três vezes, com a irmã menor olhando para ele. O rapaz
sorriu tristemente para ela, e guardou as armas.
_ Essa é a melhor maneira de me
despedir do pai.
_ Você está certo... Obrigado, filho.
Desnecessário dizer, todos se
sobressaltaram, voltando o olhar para a popa. Jessie vinha se aproximando deles
tranqüila e silenciosamente, com um sorriso no rosto. Primera foi correndo
abraçar as pernas do pai, enquanto Billy se refazia.
_ P-papai!
_ Velho amigo! – Citan sorriu,
agradavelmente surpreso – Você está bem?
_ É melhor acreditar! – Jessie
piscou, sacando a carabina e apontando-a para o lado – Eu não ia deixar aquela
sucata idiota quieta! Melhorei ela!... Ai-ai-ai-ai-aiaiai... Mas nunca mais
quero fazer aquilo de novo, viu...
_ Mas, seja como for... – Citan
ponderou – Por falar em inferno... Estou surpreso em saber que uma pessoa sem
religião como você acreditaria em vida após a morte.
_ Ah, então você tava ouvindo? –
Jessie comentou distraidamente, com a carabina repousando no ombro direito e a
mão esquerda na cabeça de Primera – Aquilo era uma praga. Não é um fim bem
adequado pra ele?
_ É – Citan sorriu – Isso
definitivamente é o seu estilo.
_ Pa... pai...
Todas as atenções se voltaram para
Primera, que balbuciara com dificuldade. E o espanto de Billy foi o maior de
todos.
_ P, Prim?! – ele veio correndo
até a irmã – Prim, o que você acabou de dizer? Hein Prim?
_ Pa... pai – ela sorriu de volta
para o irmão, e Jessie gargalhou:
_ Haha, ouviu essa? O problema de
Primera parece ter sido resolvido!
Os demais estavam sorrindo, e
Billy ajoelhou-se diante da irmã, maravilhado.
_ Hah...! Prim falou! Prim acabou
de falar! Ei, Prim... Agora fale o meu nome. Diga ‘Billy’!
_ E quanto ao ‘Ethos’? – Jessie
perguntou depois, com todos reunidos na ponte de comando da Yggdrasil – Eles se
devastaram completamente! Aquilo ali só vai de mal a pior!
_ Não acha que já é hora de contar
a verdade ao seu filho, velho amigo? Você não ficava só andando por aí, bebendo
e arrumando brigas, ficava? Tenho certeza de que ele quer saber o que andou
fazendo... Não é mesmo, Billy?
_ Sim, certamente ia me fazer
sentir muito melhor – ele deu um sorriso contrariado – Agora eu sei que meu pai
estava preocupado comigo o tempo todo, mas ainda não coloquei meus sentimentos
em ordem...
_ O que quer dizer? – perguntou
Jessie, e Billy deu-lhe as costas, cruzando os braços e com ar de
aborrecimento:
_ Bem, estou feliz que Prim
consiga falar agora, mas ela só chama pelo pai dela... Mas fui eu quem tem
tomado conta dela esse tempo todo...! O que é que há com ela...?
_ Acalme-se, Billy – Citan
reprimiu o riso – Eu tenho certeza de que ela apenas está sendo tímida. Em
breve ela começará a chamar por você. Quanto a isso – acrescentou com ar de
resignação – minha própria filha nem sequer chama o nome do pai dela!
_ Então, velho amigo – Citan
voltou-se para Jessie com curiosidade – Por que esteve trabalhando sozinho este
tempo todo?
_ Não deu pra evitar... – Jessie
baixou os olhos, enquanto as atenções se voltavam para ele – De qualquer forma,
eu provavelmente vou precisar da sua ajuda daqui por diante... Tá, eu te conto
mais. Vamos pra a sala de armas... arrumar algo pra beber.
“Quando eu estava em Solaris –
Jessie começou, quando todos os outros já estavam em torno de uma mesa, e ele
já tinha um copo na mão – descobri sobre o plano secreto. Era o Plano ‘Malakh’
(M). E foi feito sob o comando de Krelian. A fim de seguir com o plano, muitos
Cordeiros foram reunidos pelo ‘Ethos’ pra se tornarem cobaias. Ou, deveria
dizer, pra se tornarem Ceifadores, ou Wels...”
“Uma vez que eu desgostava dos
métodos de Solaris, decidi investigar mais adiante. Descobri que o cientista central
pra o plano M mudou os verdadeiros fatos sobre ele pra um Gear de teste. Aí,
ele fez esse Gear escapar com a filha dele, pra que a verdade não fosse
descoberta... e essa, receio, foi a última informação que fui capaz de
obter...”
_ Por causa do que descobri –
Jessie apontou a carabina distraidamente, sem notar que apontara para Maison,
atrás do balcão, que se assustou – eu desci pro mundo da superfície. E aqui foi
onde me escondi com minha esposa, Racquel, e meu filho Billy. Estive procurando
por aquele Gear e a garota desde então. Por fim, descobri que a filha do
cientista e o Gear podem estar em Shevat. Tudo muito bem, exceto que agora eu
não sei como raios entrar lá, ou sequer contatar o lugar. Bem – ele baixou a
cabeça, com um sorriso resignado – Shevat é protegida por uma barreira tão
forte que mesmo Solaris não pode fazer coisa alguma a respeito. Então, acho que
se pode dizer que não dá pra evitar... É só a minha sorte!
_ Por acaso o nome dessa menina
não seria Maria...?
Todos se voltaram. Fei, Elly e outra
pessoa tinham acabado de entrar na sala de armas. E Billy o reconheceu como um
dos sobreviventes ao massacre no ‘Ethos’, resgatado da enfermaria, e perguntou:
_ Vocês estão bem? Não deveriam
descansar mais um pouco...?
_ Sim, posso ficar de pé e até
falar agora... graças a vocês – o desconhecido curvou a cabeça em agradecimento
– Vou lhes contar o que puder. A verdade é que eu era um agente de Shevat
infiltrado no ‘Ethos’ e fui pego durante a purga. Teria morrido sem poder
colocar a terra natal a par do que acontecia se não fosse por sua ajuda.
_ O nome dela é Maria, hein...? –
Jessie cortou, indo direto ao assunto – Hmm... Se me lembro direito, o nome do
pai dela era Nikolai?
_ Isso eu não saberia dizer –
lamentou o agente de Shevat – Mas tenho ouvido rumores sobre uma menina e um
Gear.
_ Hm, devem ser eles – Jessie
acenou com a cabeça – Assim, aquele Gear enorme deve estar em Shevat! E
então... como chegamos a esta Shevat? Tem um jeito de contatar o lugar?
_ Infelizmente, desde que fui pego
cativo eu também não tenho como contatá-los... mas pode haver uma forma...! –
ele pareceu relembrar – Originalmente, Shevat estava situada no topo da Torre
de Babel. Dizem que há uma instalação de comunicação para contatar a terra
natal de Shevat no alto da torre. Se ao menos ainda existir...
_ Hmm – ponderou Citan – Há uma
boa possibilidade de a instalação ter sido destruída... Principalmente
considerando o fato de que a torre foi selada pelo ‘Ethos’.
_ Tá sendo pessimista de novo –
queixou-se Jessie com ar de reprovação.
_ Só estou sendo realista –
replicou Citan, e Billy deu de ombros.
_ Eu acho que não temos escolha, a
não ser fazer uma tentativa. Seja como for, enquanto o portão existir, não
podemos fugir da sombra de Solaris.
_ O ‘plano secreto’ deles também
me perturba... – concordou Citan – O verdadeiro segredo é que estejam usando
humanos reunidos da terra.
_ Mas eu não entendo direito este
plano secreto, ou o envolvimento do ‘Ethos’, e daí por diante – comentou Fei –
O que Solaris pensa que nós, humanos da superfície, somos?!
E então, lembrou-se de Elly e
desculpou-se.
_ Ah, desculpe... Eu esqueci
totalmente de que é a sua terra.
_ O que minha terra está fazendo
não tem nada a ver comigo – ela replicou, acenando negativamente – Eu mesma
achava que algo estava errado lá, e foi por isso que vim para cá. Então, não se
preocupe comigo.
_ Certo... Bem, não temos nada a
perder, então vamos tentar ir até lá – decidiu Fei – Precisamos descobrir a
verdade quanto aos documentos descobertos no quartel-general do ‘Ethos’, e
quanto ao que o pai do Billy disse. E eu também preciso ir a Shevat por razões
pessoais, seja como for.
WE CAN RUN TO THE END OF THE WORLD