terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Capitols Trinta e Um Ponto Um e Trinta e Dois

(...)

Em outra parte, o SOL-9000 girava enquanto seus múltiplos monitores pareciam mostrar várias faces antigas, o Ministério Gazel. E eles não se agradavam do que estavam vendo.
_ ... Inúteis. Eles permitiram contato com Shevat...
_ Há uma ‘Relíquia Anima’ em Shevat... Não podemos aceitar que elas se alinhem antes dos preparativos estarem completos.
_ É sem sentido se não for compatível com o nosso tipo.
_ Você deseja enterrar toda Shevat?
_ E quanto ao ‘Animus’?
_ Há outros. Devemos reagir severamente para que isto não torne a acontecer.
_ E quanto ao portão de Shevat? Enquanto estiver lá, não poderemos entrar.
_ Fácil. Basta usarmos o canhão de gravidade de Achtzehn para compensar o desvio espaço-tempo.
_ Achtzehn? Ele está operacional?
_ A re-educação está completa. Está pronto. O esquadrão aéreo já está montado.
_ Algum efeito colateral?
_ O 71o Esquadrão Aéreo regulado não deve ter qualquer problema.
_ Bem, então, aguardo ansioso por isso.

De volta a Shevat, Vierge, Weltall e Brigandier tinham sido deixados no hangar inferior da Cidade Aérea, e agora Fei, Elly e Bart estavam com Maria enquanto ela explicava:
_ Este é o piso do convés no nível mais baixo de Shevat – curvou a cabeça novamente – Eu os conheci há pouco tempo. Meu nome é Maria Balthasar.
_ Balthasar...? – Fei comentou pensativo – Eu já ouvi esse nome antes.
_ Ô Fei – Bart também pareceu lembrar-se – Esse nome não é o mesmo daquele velho excêntrico? Lembra, o maluco brincando com Gears no subsolo de Aveh?
_ Sim, isso mesmo! Velho Bal, o eremita. O que me lembra – Fei comentou, olhando para Maria – O Gear que vimos lembra o Gear de Bal, Calamidade.
_ ‘Calamidade’? – foi a vez de Maria parecer admirada – É o nome do Gear protótipo que meu avô fez! Vocês conhecem meu avô? Onde ele está agora?!
_ Foi por acaso que eu o encontrei na caverna sob o deserto de Aveh – Fei explicou – Eu não o conheci tão bem... então, você é a neta do Velho Bal.
_ Sim... mas eu não o tenho visto nos últimos anos... – ela pareceu saudosa – Ele disse que estava procurando por alguma coisa muito importante. E partiu sozinho... Meu pai foi capturado por Solaris, e o paradeiro dele também é desconhecido...
Bart entendia bem como ela devia estar se sentindo, julgando por sua experiência com a captura de Margie até recentemente, e talvez por isso tenha feito uma expressão positiva quando comentou:
_ Viu, mas o velho mal... digo, o seu avô, parecia estar muito bem. Ele é do tipo que nunca morre. Então, vê se não esquenta, baixinha.
_ Eu não sou ‘baixinha’!! – Maria bronqueou – Além disso, meu avô não é nenhum velho maluco, eu sei disso!!
_ Desculpa – Bart pareceu acanhado – Não fica brava, baix... Maria. Eu não queria ofender, peço desculpas. Foi mal, foi mal...
_ Eu já ouvi você dizer uma vez – ela replicou – Não precisa dizer de novo. De qualquer modo, a Rainha Zephyr está esperando. Por favor, tomem o elevador para chegar ao nível superior. Eu ainda preciso terminar de inspecionar Seibzehn. Mostrarei a vocês o caminho ate o Palácio em breve. Até então, por favor façam uma visita à cidade. Vejo vocês depois.
E saiu pela porta para o hangar de Gears. Dando de ombros, Fei disse:
_ Tudo bem, então vamos.
_ Shevat... – comentou Elly, pensativa – A única organização que resiste a Solaris...
_ Beleza então – Bart esfregou as mãos, animado – Vamos levar uns vinte ou trinta Gears daquele que a baixinha estava pilotando pra casa!!
Enquanto esperavam por Maria, o trio fez como lhes fora recomendado e aproveitaram para conhecer um pouco mais da cidade aérea, e uma das primeiras e mais surpreendentes descobertas foi uma sala repleta de seres baixos, redondos e cobertos com pêlos, da mesma raça de Chu-Chu, obviamente.
_ O que... – fez Fei – Mas eles são...!
_ Heh – riu Bart – Quem ia ter imaginado...
_ Se Chu-Chu estivesse aqui, acho que ela desmaiaria de pura alegria... – comentou Elly.
Todos os Chu-Chus falavam, e apesar de não terem diferenças visuais muito significativas entre si, a verdade era que havia um sem-número deles, de todas as idades. Os mais idosos, inclusive, falavam da época anterior à sua ida a Shevat, quando Solaris quase exterminara sua raça. Também falavam sobre um ‘deus guardião’ que podia caminhar sobre as montanhas com um único passo, tão grande era, e que fora exterminado quando uma ‘bola de fogo’ o atingira em seu sono, mas que ele ainda protegia a Tribo Chu-Chu do céu, onde se tornara uma estrela.
Enquanto andavam pela cidade, conversaram com algumas das pessoas nas ruas e um cidadão idoso pareceu um pouco admirado quando disseram esperar por Maria.
_ Vêem aquela casa? – mostrou-lhes uma casa à esquerda de onde estavam – Aquela casa costuma ficar vazia, mas Maria passa muito do seu tempo lá. Se estão à espera dela, talvez devam aguarda-la ali dentro; ela deve encontra-los mais facilmente se estiverem lá.
A casa indicada parecia antiga, e estranhamente abandonada. Vasos tombados, teias de aranha por toda a volta e rachaduras nas paredes que, de algum modo, não pareciam produto do desgaste natural davam uma sensação estranha de tristeza e perda. Elly, Fei e Bart subiram até o segundo andar, e lá, depararam com o que devia ter sido um quarto de criança; um cavalo de balanço solitário movia-se lentamente, logo adiante de uma parede semidemolida. 
_ I-isso é...!
Fei não precisou completar seu raciocínio. Os escombros ainda no piso e o imenso buraco na parede deixavam evidências do que tinha acontecido. Os donos da casa tinham sido mortos por Solaris. Elly baixou sua cabeça, as mãos postas juntas como se estivesse orando, enquanto Bart amaldiçoou em voz baixa. A cama da criança estava sob uma laje de tamanho considerável, e o armário ainda aberto.
_ Estamos lutando por vidas, não estamos... – perguntou Elly, ainda de olhos baixos – E, por vezes, envolvendo aqueles que não têm nada a ver com essa disputa...
_ Praga...!! – Bart estava de punhos cerrados, olhando fixamente para o cavalo de balanço e amaldiçoando alguém que não estava naquela sala – Tudo o que querem é vencer!? Não ligam pra mais nada?
Fei não tinha nada a dizer. E foi justamente então que Maria entrou, e parecia que tinha ouvido o que estavam dizendo.
_ Há muitas pessoas que não se importam se ferem as outras...
O trio voltou-se na direção dela, que deu de ombros com um sorriso triste em seu rosto.
_ Então, é aqui que vocês todos estavam – olhou para os escombros, demorando seu olhar no cavalo de balanço – A Rainha disse que esta casa foi destruída na grande guerra há 500 anos atrás. Esta casa foi mantida assim de propósito como um lembrete da guerra.
E sacudiu a cabeça, parecendo triste por um instante, como quem tenta tirar uma idéia da cabeça. Curvando a cabeça então, ela disse:
_ Obrigada por esperarem. Por favor, me acompanhem até o Palácio.



AND PARTED DEEP IN THE NIGHT



Capítulo 32: Alerta de Intrusos!


Seguindo Maria, Fei, Bart e Elly tomaram o rumo do Palácio Real de Shevat, uma torre imensa na forma de uma estátua de anjo, similar a uma caixa de música que Citan consertara tanto tempo atrás, ainda em Lahan. Um elevador cilíndrico os levou para cima, seguindo um poço que os conduziu até um andar circular onde várias pessoas e alguns jovens Chu-Chus caminhavam.
_ Por aqui, por favor.
Maria os conduziu rumo ao norte, para a sala do trono, e Fei ficou particularmente surpreso ao encontrar um velho conhecido parado à direita das portas do salão real.
_ Sábio!
_ Finalmente chegou até aqui... Onde foi que esteve?
_ Como assim? E você... Por quê está aqui?!
_ Eu já disse antes; aprendi artes marciais com seu pai em Shevat – indicou a porta para a sala do trono com um movimento da cabeça – A Rainha está aguardando. Vão em frente.
A sala do trono do Palácio de Shevat parecia estender-se sobre uma plataforma em meio a uma sala cilíndrica, cuja base parecia feita de vidro. Duas plataformas menores moveram-se para garantir acesso ao trono, escondido dos visitantes por um véu de material semitransparente. Quando se aproximaram, o véu moveu-se sozinho para revelar uma figura solene, de olhos verdes calmos e aparência triste, vestida de uma forma que lembraria antes uma freira do que uma governante. A Rainha.
_ Obrigada por terem vindo por um caminho tão longo. Eu sou a Rainha de Shevat, Zephyr.
_ ‘Obrigada por terem...’? – Bart não podia acreditar em seus olhos. A governante de Shevat não parecia muito mais velha do que Maria – Que é isso? Ela é só uma criança!
_ Eu posso aparentar isso, mas na verdade tenho 522 anos de idade.
_ Quinhentos e vinte e dois...?! – Fei admirou-se, sacudindo a cabeça – Isso é mesmo possível...?
_ Sim – Zephyr baixou sua cabeça – Eu e um pequeno grupo de vassalos seletos nos submetemos a alguns tratamentos especiais para expansão da vida. Nos foi necessário continuar vivendo... Até que aquele dia final se aproxime. Por causa de um homem... – e a Rainha pareceu ainda mais entristecida, enquanto sua voz também ficava mais baixa e ela parecia falar consigo mesma – Continuar vivendo... Esta é a nossa penitência.... por aquela tragédia, há 500 anos atrás...
Ela então pareceu lembrar-se de que não estava sozinha ali, sacudindo sua cabeça como que para afastar as memórias.
_ Devemos... interromper esta discussão do passado. Eu ouvi muitas coisas sobre todos vocês através do Sábio. O Sábio tem conduzido suas operações na superfície sob minhas ordens, para manter vigília sobre as atividades daquele homem. E também, ele recebeu ordens de trazer qualquer pessoa da superfície que pudesse ser de ajuda a nós, de Shevat. Há 500 anos, nós lutamos contra Solaris pela liberdade dos habitantes da terra. Mesmo depois daquilo, continuamos a resistir a Solaris, embora tenhamos falta de qualquer poder verdadeiro.
E ela colocou-se de pé então, seu olhar parecendo ao mesmo tempo analisar e suplicar aos três. Ela não era, realmente, mais alta do que Maria.
_ Habitantes da terra, podem encontrar em seu coração a força ou o desejo para nos ajudar? Devemos libertar a humanidade do alcance de Solaris... Devemos conquistar a verdadeira liberdade e construir um mundo pacífico no qual viver. 
_ Tch – fez Bart, sacudindo a cabeça em negativa – Tem alguma coisa que não tá certa. Essa ‘luta por independência contra um tirano’. A ‘batalha pela liberdade’. Sei, você faz parecer que suas intenções são nobres. Na realidade no entanto, talvez vocês não sejam diferentes de Solaris?
Elly e Fei voltaram-se para o amigo, mas Bart se mantinha olhando fixamente para Zephyr. Embora por vezes fosse difícil lembrar-se disso, Bart era um rei, descendente de uma linhagem de reis. Ele não aceitaria aliança com quem quer que fosse enquanto não estivesse certo das intenções deles. E novamente sacudiu a cabeça em negativa.
_ Seja lá como for, eu estou ocupado demais tentando recuperar Aveh daquele bastardo, Shakhan. Odeio ter que te dizer isso, mas eu não tenho tempo!
Embora um tanto surpreendente, a postura de Bart não era realmente inesperada para Fei, ou Elly, que se voltaram para a Rainha. Zephyr novamente baixara seus olhos, embora desta vez algo como um sorriso ameaçasse dançar em seu rosto.
_ Hmm... Você aparentemente não lembra nada o calmo e quieto Roni Fatima, Bart. E, ao mesmo tempo, é tão parecido com ele... Há lógica por trás do que diz, no entanto.
Bart deixou oculta a sua surpresa ao ouvir o nome de seu antepassado. A Rainha conhecera o fundador da Dinastia Fatima? Se fosse verdade, ela poderia responder muitas de suas perguntas... mas não era hora para aquilo. Ao invés, ele aguardou que ela prosseguisse.
_ No entanto, eu não digo mentira alguma... quando digo que estamos fazendo isso puramente pelo futuro dos habitantes da terra. Se ainda não puder acreditar em nós, então derrote Solaris, recupere a independência dos habitantes da terra, e então observe se ainda abraçamos juntos os céus. Os pretextos do passado, a discórdia entre as nações. Por que preocupar-se com uma escala tão pequena? Você deve olhar para o quadro maior!
Para isso, Bart não tinha resposta, e Zephyr novamente acenou afirmativamente.
_ Deve fazer algum bem a vocês descansar no palácio e pensar a respeito disso. Devem pensar sobre o que devem fazer. Mas lembrem-se, Solaris tem estado ativa ultimamente. Então, não temos muito tempo para o lazer. Quanto a você, Elly – voltou-se para a moça ao lado de Fei – Sua família e amigos... Deve entender que todos eles terão que ser seus inimigos. Sem este entendimento claro... você pode estar colocando seus companheiros em uma situação que pode custar a eles suas vidas.
Elly baixou seus olhos, também. Intimamente, ela já considerara aquilo, mas costumava evitar pensar a respeito. Quando encarou a Rainha, no entanto, sua decisão parecia tomada.
_ ... Sim... Eu entendo.
_ Muito bem então. Agora vão, e descansem um pouco.
Deixando a sala do trono, os três decidiram conhecer um pouco mais do palácio, como antes tinham feito com a cidade. Elly era a única de fato que não parecia muito impressionada com a tecnologia de Shevat, já que eles aparentemente mantinham o mesmo nível de quinhentos anos antes, e quase pareciam antiquados diante dos feitos de Solaris. Para Fei e Bart, no entanto, tudo era novidade.
Chegaram a uma escadaria que conduzia a uma torre acima do palácio. Como quase tudo em Shevat, a torre tinha plantas e algo de vegetação, e ficaram admirados ao encontrar a pequena Maria lá em cima, parecendo contemplar toda a cidade aérea.
_ Já terminaram de falar com a Rainha? O que todos vocês planejam fazer...? Vão lutar junto ao povo de Shevat contra Solaris?
Parecia um pouco estranho ver uma garotinha de aparência tão jovem falando daquele jeito. Ela podia ter pouca idade, era fácil notar, mas já parecia muito experiente nos esforços de guerra, e nas conseqüências que podiam ter. Olhando novamente para a cidade, ela prosseguiu falando:
_ Todos estão procurando por uma razão para viver, uma razão para lutar. Para entender melhor o significado da morte... – como Zephyr, ela parecia estar falando consigo mesma, embora Fei achasse aquilo muito semelhante ao que ele próprio se perguntara, quando Bart e Sigurd tinham pedido que os ajudasse a libertar Margie – No entanto, isso é uma coisa que devemos descobrir por nós mesmos, e faze-lo por nós mesmos... Isso é o que meu avô dizia. Embora eu não entenda o que ele queria dizer com isso...
_ Já fazem cinco anos desde que meu avô me trouxe a Shevat – ela prosseguiu, voltando-se para eles – Vovô e a Rainha sempre me disseram para não deixar Shevat. É por isso que eu não devo ir sozinha a Solaris. Não há como eu perder para qualquer outro Gear com o meu Seibzehn... Nenhum jeito mesmo...! – e pareceu mais determinada, olhando para o próprio punho direito – Eu vou pisar em todos aqueles solarianos com Seibzehn... Acabar com eles, acabar com todos eles!!
Elly desviou os olhos, mas nenhum deles disse nada. De acordo com o que o espião de Shevat no ‘Ethos’ dissera, e pelas investigações de Jessie, era de se imaginar os motivos de Maria para querer um confronto com Solaris. Seu pai ainda devia estar prisioneiro do inimigo, e se lhe diziam para não ir, ela não iria. Mas não era obrigada a aceitar isso.
_  Por que o avô e a Rainha me impedem? Será que não ligam para o que acontece com meu pai...? Vão ficar só parados esperando e assistindo enquanto ele morre? Eu não posso perdoar aquelas pessoas que torturaram meu pai, e nem aqueles que ficam quietos, esperando e assistindo...! Mesmo enquanto nós conversamos, meu pai em Solaris pode ser...
_ Nah, não é assim. Você não pode pensar nele desse jeito, ou não vai servir pra nada.
Maria, Fei e Elly voltaram-se para Bart. O pirata estava de braços cruzados e rosto baixo, parecendo quase severo. Outra vez, tanto Fei quanto Elly acharam que ele se parecia muito com Sigurd, principalmente quando encarou a menina.
_ Como assim, ‘não servir pra nada’? Do que está falando…?
_ Tá pensando no seu pai do jeito errado – ele interrompeu, olhando firme para ela – Você fala em invadir outro país pra salvar seu pai, e ao mesmo tempo fica pensando que ele já pode ter morrido. Que propósito tem em ir buscar alguém que acha que está morto?
Maria olhou para Bart com outros olhos então, parecendo confusa, e um tanto mais entristecida. E ele olhou na direção da casa antiga que tinham visto.
_ Você também falou em sair pisando em todo mundo com seu Gear. Acredito em você; eu lutei com ele, e acho que não vai ser fácil ser detida se você for pra lá nele. Mesmo que consigam, sem dúvida você vai fazer muito estrago. Mas, não foram todos os solarianos que pegaram seu pai; os que fizeram isso de verdade, ou mandaram fazer, não vão estar onde você consiga achar tão fácil. Vai sair destruindo tudo e todos enquanto isso?
Elly sorriu levemente para Bart, que naquele momento não olhou para ela. Estava tirando a responsabilidade do acontecido ao pai de Maria de sobre ela de propósito, ou era o seu jeito de explicar à menina, ela nunca saberia. Nem parecia importar. Ele estava olhando novamente para Maria.
_ Você não tá pronta ainda pra ir buscar seu pai, e deve ser por isso que não te deixam ir, Maria. Entre em Solaris destruindo tudo com o Seibzehn, como sei que você deve poder fazer, e não vai ser nada melhor que eles. Duvido que seu pai fosse querer ser resgatado desse jeito, sem cuidado pelas vidas de outros. O que você acha?
Maria desviou seus olhos, tornando a olhar para a cidade de Shevat. Mas agora, não parecia haver qualquer irritação nela, apenas a mesma tristeza. Bart fez sinal para os amigos, e se afastaram em silêncio. Ela precisava pensar a respeito, e de preferência sem ninguém à sua volta. Elly comentou, quando já estavam afastados dela:
_ Você foi muito convincente, Bart. Estou impressionada. Como sabia o que dizer a ela?
_ Eu sei como é isso, não poder salvar alguém com quem você se importa – Bart respondeu sem olhar para ela, ou para Fei – Dá a impressão de que tudo, até as pessoas em quem você confia, querem impedir você de fazer o que é certo. Mas é uma tremenda responsabilidade; tem muito mais gente dependendo de nós, de uma forma ou de outra. Viu o que a Rainha falou; Maria e o Gear dela podem muito bem ser um dos maiores recursos de Shevat pra se defender. Se caírem nas mãos de Solaris, o pai dela vai ser a menor perda. A essa altura, ela já deve estar pensando nisso.
Os amigos sorriram. Sim, Bart podia até ser avoado e cabeça quente, mas se importava muito com os seus. Dando de ombros, ele concluiu com ar de pouco caso:
_ Mas, vocês ouviram a Rainha; vamos pensar se ajudamos eles ou não. No meio tempo, aproveitamos pra comer alguma coisa, que isso tudo me deu fome. Deve ter um lugar onde se comer por aqui.

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