sábado, 15 de abril de 2017

Capítulo Sessenta e Um

Capítulo 61 – Preparativos


Estavam de volta a Shevat, um dos últimos refúgios do mundo contra os Seraphs, ainda que o lugar não fosse mais o mesmo que já fora. Recentemente atacada pelos anjos que, como dissera Sigurd, tinham poder equivalente ao dos Omnigears, a cidade flutuante caíra. Embora ainda fosse um abrigo para muitos que tinham se unido para resistir, ela nunca mais voaria, protegida por seu campo de força.
As condições não eram das melhores. Era o máximo que se poderia esperar naquela situação, com Deus à solta, mas os suprimentos não durariam para sempre e o tempo urgia. Os diversos grupos de nações agora se reuniam ali para a última resistência. Caminhando pelo lugar, Fei acabou sorrindo ao ouvir do responsável pelo seu congelamento o que Dan pensara.
_ Seu irmãozinho ficou muito zangado comigo. Ele nos perguntou se tínhamos corações ou não. Invejo você, por ter um irmão com coragem o bastante pra ser tão honesto.
Além de líderes militares e políticos havia sobreviventes das populações, cada um com sua própria opinião sobre a calamidade. Para alguns, o fim do mundo era um julgamento divino prestes a cair sobre todos. Havia os que faziam o que podiam para ajudar. Havia crianças encontrando diversão mesmo ali, já que havia espaço para brincar na neve. Havia adultos esperançosos e desesperançados e havia outros que apenas reclamavam. Em suas andanças entre eles, Fei também encontrou Dan e Midori numa sala à parte, onde o menino olhou para ele e falou, depois de um momento de hesitação:
_ Na prisão, quando eu vi você se tornar em um monstro, entendi tudo. Vivendo dentro de você, Fei, existe um monstro... Ele é o cara mau... Ele é quem tem a culpa. Então – ele baixou os olhos – Perdoar ou não perdoar você... Bem... Não é esse o problema! Não é como se fosse fazer as coisas voltarem ao que eram... Mas... é só que... Eu não sei como dizer isso direito, mas eu sinto muito... Eu, errm... eu...!
_ Está tudo bem, Dan... Já chega. Eu entendo. É culpa minha. Desculpe por ter te causado tanta dor.
Dan apenas sacudiu a cabeça sem dizer nada, e Fei sorriu.
_ Eu só estou feliz de finalmente poder fazer as pazes com você. Se cuida, garoto.
Mais surpreendente foi descer até um dos andares inferiores com Bart e, na metade da descida, escutar a voz de uma criança gritar:
_ Você não é o meu pai!!
_ Lance!
Um menino pingüim passou correndo por eles e, ao chegar lá embaixo, Fei e Bart reconheceram um rosto familiar.
_ Hans! É você?
_ Vocês...! – murmurou o imediato da Thames – Vocês estão vivos?
_ É, e você – e então Fei se deu conta – Mas, se você está aqui, significa que a Thames foi...
_ A Thames... naufragou – Hans baixou a cabeça – Os ‘Anjos’ atacaram... A Thames resistiu ao massacre dos Ceifadores, mas estava indefesa contra aqueles ‘Anjos’.
As lembranças pareceram desfilar diante dos olhos do imediato, acenando com a cabeça com ar perdido.
_ Quase ninguém saiu a tempo... Eles afundaram junto com a Thames...
_ O qu... Espera um minuto! – exclamou Bart – E quanto ao Capitão? Ele está bem, certo?
Hans deu as costas a Bart e Fei, e ficou em silêncio por um momento, antes de responder:
_ O Capitão... disse... Ele disse que veria o fim da Thames com seus próprios olhos...
_ V-você... tá brincando, certo? Aquele velhote morreu... Sem essa...
_ Não! – Hans voltou-se para ele, o rosto triste e orgulhoso, a voz alta agora – O Capitão está vivo. Ele é do tipo que nunca cai de joelhos...!
Não havia o que Fei pudesse dizer, e Hans pareceu ler algo na expressão dele, pois afastou o rosto. Tentando desfazer a impressão, Fei perguntou:
_ Então, o que aconteceu com você, no fim? Eu não sabia que tinha um filho. O menino que saiu... parecia zangado com alguma coisa.
_ Fico sem jeito, que tenham visto isso – Hans baixou a cabeça e remexeu as nadadeiras nervosamente – Eu me casei pouco antes da Thames naufragar.
Ele voltou-se para a jovem pingüim ao seu lado e fez as apresentações.
_ O nome dela é Anna. É a minha esposa. Ela foi salva pela Thames quando os navios foram atacados pelos Ceifadores. Infelizmente, foi quando ela perdeu o marido... Não me entenda mal. Não foi por sentir pena dela ou algo do tipo... Ou... Bem, talvez fosse – ele sacudiu a cabeça – Eu só queria protegê-la, foi só. Se chama isso de sentir pena, então suponho que eu não ligue.
“O Capitão vivia rindo de mim – ele sorriu levemente, lembrando – Ele dizia... ‘O quê! Um sujeito frio feito você, seduzindo uma viúva? Só tome cuidado pro guri não odiar você...’
_ Ha, ha... Acho que o Capitão tinha razão. Meu enteado não gosta de mim, ainda. Mas estou esperando que algum dia...
_ Entendo – Fei sorriu, parecendo admirado – Rapaz, você mudou!
_ Ha, ha. Você mudou também, Fei. Eu não sei como explicar, mas... – deu de ombros – Quanto a mim... Bem, eu não sei o que é... Acho que eu sempre tive alguém me protegendo...
_ Hans...
_ Fei, eu acredito... – o olhar de Hans voltou-se para a porta de entrada, parecendo enxergar a imagem do Capitão que apenas ele podia ver – Acredito que, um dia, o Capitão vai descer essa escadaria... Aquela bengala dele batendo, ‘tap, tap’... E vai dizer, ‘Haaans! Parece que vamos pôr nossas mãos em um tesouro sem preço!’
Até Bart sorriu. As palavras de Hans eram muito convincentes; ele mesmo quase juraria ter ouvido o mesmo som familiar da bengala batendo no chão.
Tap... Tap...
_ ‘Que espécie de cara é essa? Não acredita em mim, hein? Dessa vez é pra valer... Sério!’ ... Talvez algum dia...
_ Haaans! Parece que vamos pôr as mãos num tesouro sem preço!
Bart, Fei, Anna e todos no aposento se voltaram para a entrada. Hans sacudiu a cabeça, e percebeu que sua visão não desaparecia. Sua boca escancarou-se e seus olhos ficaram arregalados... Mas não podia ser...!
_ Que cara é essa?
_ Ca... Cap... Capitão...!!
Hans correu até o Capitão da Thames e o abraçou, e apesar do sorriso no rosto, a voz do velho continuava superior como de costume.
_ Que gritaria é essa de ‘Ca, cap, capitão...!!’?? Corta essa, seu idiota!
_ S-sabe o quanto eu fiquei preocupado com você? – choramingou Hans, e o Capitão riu.
_ Hah! Eu tenho dito o tempo todo. Será que não entende? Agora preste atenção...
_ Homens!
_ Do Mar...!
_ Nunca admitem a morte!
Após a pausa dramática costumeira e do momento de silêncio de todos, o Capitão gargalhou, para total indignação de Hans.
_ Gha, ha ha ha ha ha-a-a-a-a-a!!
_ Você... é um grandesíssimo...
_ Hans! Desta vez é pra valer! Uma ilha com tesouro enterrado. É chamada ‘Ilha dos Homens das Dunas’. Um antigo herói derrotou um monstro naquele lugar e agora, diz a lenda, sua fabulosa espada jaz por lá.
_ Que informação você tem...? Sabe onde fica o lugar? E quanto a um navio?
_ Não sei onde é! Não tenho navio! – o Capitão acenou com pouco caso – Não se preocupe com detalhes! Não sabe que é por essa sua atitude que o garoto não te suporta?
_ Ah, isso não é da sua conta!
_ Bom, até aquele guri decidir gostar mesmo de você – o Capitão riu – eu vou ter arranjado um novo navio. Até lá, dê tudo de si pela sua família, rapaz!! Dê à sua família o amor de que precisam enquanto ainda tem oportunidade. Ghar, har, har!!
Longe de Hans e da família, Bart perguntou ao Capitão como ele sobrevivera, mas o velho homem do mar apenas acenou com pouco caso.
_ Nah, não se preocupe com esses detalhes sem importância. Se ficar se preocupando com coisas como essa, os guris vão detestar você, assim como odeiam o Hans, hah!
_ Ele está me ensinando sobre como ser um homem do mar – Lance, o enteado de Hans, disse animadamente – Eu queria que você fosse meu pai. Posso te chamar de pai?
_ Ghar, har, har! Essa vai ser ótima... Um leão marinho com um pingüim como filho! Ghar, har, har!
_ Eu não sou um pingüim! Sou um golfinho!
_ Ah? – o Capitão pareceu admirado – Hans é um pingüim.
_ Meu pai é um golfinho também! – retrucou o menino, antes de se dar conta e gaguejar – Oops... Esquece o que eu acabei de dizer. Eu não quis chamar ele de pai! Quem ia querer um pai como ele!
_ Ghar, har har ha-a-a-a-a!!
Foi certamente com espíritos mais leves que os amigos seguiram pelo abrigo, rumo à antiga torre de observação de Shevat, onde Zephyr observava a neve que caía. Os dois estavam incertos quanto a perturbá-la, mas a Rainha disse, ainda sem se voltar:
_ A neve continua a cair... Cobrindo suavemente a tudo neste mundo. Nossa angústia, nossa profanação, nossos enganos... Se ao menos pudéssemos apagar essas coisas tão facilmente assim... O que nós... O que eu... estive fazendo... Estive perseguindo... ao longo destes últimos anos?
_ Majestade...
Citan acabara de se unir a eles, e a Rainha pareceu sair de sua contemplação.
_ A propósito, como está a pessoa que resgatou da Merkava? Ouvi dizer que ele recuperou a consciência.
_ Sim, bem – Citan ajeitou os óculos, também voltando os olhos para o campo nevado que se estendia por toda a volta – A princípio, ele tinha perdido a fé em si mesmo, mas agora está melhor. Kahr reviveu a si mesmo, e descobriu verdadeiro significado em sua vida. Se ele decidir lutar ao nosso lado, então nosso poder total de batalha será grandemente ampliado.

Horas antes, Sigurd e Citan estavam na enfermaria onde Kahran Ramsus despertara, ainda parecendo desolado, e estavam em vão tentando chamá-lo de volta à razão.
_ Kahr... Por favor, me ouça! Neste momento, devemos esquecer quanto a amigo ou adversário. Todos devemos apoiar um ao outro, da forma que pudermos... Neste momento, precisamos de sua ajuda!
Ramsus não respondeu de pronto, sentado onde estivera e de olhos baixos, fixos no chão. Quando parecia que ele não daria resposta, sua voz veio num murmúrio rouco:
_ ... Eu... sou... Apenas lixo... Um dejeto...
_ Pare de sentir pena de si mesmo e se recomponha, homem!!
Citan avançou até Ramsus num único passo e deu-lhe uma bofetada, surpreendendo Sigurd com uma reação tão incomum.
_ Hyuga?! O que você...
Citan ergueu a mão, silenciando-o. Após um instante, em que Ramsus não erguera os olhos, ele continuou:
_ Lixo... Dejeto... Pode ficar com pena de si mesmo e se chamar de tudo o que quiser, mas e quanto a elas?!
Ramsus ergueu os olhos, percebendo finalmente que não estavam apenas os três ali. Dominia, Kelvena, Tolone e Seraphita estavam lado a lado diante dele e sem dizer palavra. E Citan perguntou:
_ Por acaso essas mulheres são estúpidas, ou lixo, ou dejetos, também, por acreditarem em você?
Ramsus não disse palavra, olhos fixos nas mãos juntas.
_ As razões pelas quais você ajudou as garotas, que não tinham ninguém a quem se voltar, podem não ter sido tão nobres, mas ainda assim, elas permaneceram com você. Sabe por quê?
“Elas o conhecem melhor do que qualquer outra pessoa. Elas conhecem a verdadeira bondade que existe dentro do seu coração. Elas sabem por que querem ser amadas. É por isso que elas não vão abandoná-lo. Kahr... Não as torne no lixo, ou dejetos, de que fala”.
_ Comandante...
_ Todas vocês... – Ramsus murmurou, finalmente erguendo os olhos ao ouvir a voz de Dominia. E Citan deu-lhes as costas, ajeitando os próprios óculos.
_ Desnecessário dizer, você não é um lixo ou dejeto... Nós sabemos disso melhor do que qualquer um.
_ Eu... não percebi que o que estive procurando... estava tão perto de mim... Eu peço desculpas... por não perceber antes!
_ Ah, Comandante...!!

Fei também estava olhando para o campo nevado, perdido em pensamentos. Desde a entrada intempestiva pela janela do palácio em Bledavik, quando ele chegara em cima da hora para salvar Bart de Ramsus, até aquele momento ali, de pé, depois de tanto tempo.
_ Tanta coisa aconteceu entre ele e eu... Quando esta batalha acabar, eu quero enfrentar Ramsus homem a homem por esporte, não guerra, como um artista marcial.
_ Eu tenho certeza de que ele deseja a mesma coisa também – Zephyr respondeu, e Fei acenou distraidamente, a princípio sem reparar de que a Rainha o estava observando.
_ Fei... Posso perguntar uma coisa? Sobre Elly... E se, mesmo que quebremos o feitiço de Zohar, ela não voltar ao normal...
_ Elly vai voltar a ser como costumava! – Fei replicou sem se voltar – Vou seguir adiante acreditando nisso. Mas, mesmo que isso não aconteça... Eu ainda vou... Bem, digamos apenas que estou preparado pra isso também!
_ Você não tem que fazer isso se não quiser, sabe – Zephyr respondeu, sem olhar para ele – Seu oponente é a pessoa a quem você ama... Se decidir desistir agora, ninguém vai culpá-lo.
_ Desistir seria sem sentido. Tudo pelo que eu lutei, e tudo pelo qual eu vivo, ficariam sem sentido algum. As pessoas deveriam ser livres. Sem ninguém preso pelos outros, sem ninguém prendendo os outros... Dentro de mim, há uma parte de mim deseja essa liberdade, e uma parte de mim que me dá esperança. Então, eu lutarei para conquistar a verdadeira liberdade! Pois nós ainda estamos vivos! Nós lutamos para viver. Essa é a razão pela qual eu luto. É a prova de que eu sou humano. Eu prometi ao meu pai, e pra mim mesmo também, que eu libertaria Elly dos laços de Deus, que eu a salvaria.
_ Eu entendo... Então, vamos continuar acreditando... e esperemos por um milagre...
_ Er, com licença? Fei?
Eles se voltaram. Um dos auxiliares da tripulação da Yggdrasil III viera até eles.
_ Pode não ser nada, mas... A Madre Marguerite pediu que os avisasse... Chu-Chu parece ter desaparecido.
_ Mais essa – Bart resmungou – Procuraram por aí? Ela pode só ter ido visitar os outros Chu-Chus de Shevat, oras!
_ Bem, ninguém parece tê-la visto saindo da nave, jovem mestre...
_ Tch! E vocês não conseguiram encontrá-la sozinhos?
_ Ande, Bart, não custa dar uma olhada – Fei replicou, e perguntou – Faz muito tempo?
_ Parece que não, a Madre Marguerite acabou de nos avisar...
_ Então ela não pode estar longe. Vamos!
Após uma busca curta próxima ao quarto de Margie, os três a encontraram no hangar de Gears, em sua forma gigante, parada onde antes costumava ficar Vierge, e levando uma bronca do encarregado.
_ Chu-Chu! O que, raios, está fazendo aqui?! Você não precisa de manutenção!! E está no caminho! Vai comer alguma coisa e tirar uma soneca, ou sei lá o que!
_ Eu echutou exausta também! Já que está aqui... Gochutaria de uma massagem!
Diante do riso do trio e da surpresa do encarregado, ela acenou.
_ Só echutou brincando... É que... Elly... Ela era tão gentil... Sei que não chou a única que sente falta dela. Sei que Bart, Margie, Billy, Citan, Rico, Maria, Emeralda e Fei, todos sentem também. Mesmo que não digam, eu pochu sentir... De pé aqui, eu lembro do sorriso gentil e bondochu dela. A Elly vai voltar, não vai?
_ ... Obrigado, Chu-Chu – Fei respondeu, depois de um instante de silêncio – Obrigado por tentar reduzir toda essa tensão no ar por mim. Eu vou me lembrar disso... De qualquer modo... Elly tem que estar viva! Certo?
_ Fei...
_ Vamos voltar para o quarto. Acho que Margie está preocupada.
_ Tá. Eu vou juntchu!
O quarto de Margie, Primera e Chu-Chu ficava próximo à entrada do hangar de Gears. Lá entregaram Chu-Chu a Margie, aliviada em saber que a outra estava bem.
_ Não faça isso de novo, tá bem? Me deixou preocupada!
_ Dechuculpe...
_ Bom, agora que tá tudo certo – Bart comentou – e já que estamos a bordo, é melhor nos mexermos, não? Quanto mais tempo dermos, melhor vai ser pra Deus.
_ Não podemos atacar até todos estarem prontos, Bart – Fei lembrou.
_ Eu sei. Só tô dizendo pra irmos dar uma olhada...
_ Jovem mestre...
Bart deteve-se na porta, surpreso com o tom de voz e as palavras de Margie, incomumente séria.
_ É melhor que você não morra! Me prometa!!
_ Ah... É lógico! Eu não vou morrer! Ih, vê se pára de ficar falando essas coisas estranhas!
_ Desculpe... – ela escondeu o rosto – É... Você tem razão... Vai conseguir voltar... E quando você voltar, eu vou... Bem... Eu só pensei... Que talvez eu pudesse... ficar mais próxima a você... sabe...
_ Ei, whoa, corta essa! Sabe o que está dizendo?!
_ Heh, só estava brincando – ela sorriu, voltando-se para Bart – Jovem mestre, você ficou todo assustado!
Bart murmurou algo inaudível em resposta, e os três foram para a ponte de comando, onde Sigurd os esperava.
_ Deus integrou-se com Zohar e despertou... Mas descobrimos que Deus está no centro da estrutura gigantesca criada da Merkava caída. O único meio em que podemos pensar para destruir Deus é penetrar por lá e abrir caminho até o centro. Aquela estrutura costumava ser a própria Merkava, mas devemos assumir que o interior mudou significativamente. Não sabemos que perigos aguardam lá dentro. Por favor, sejam muito cuidadosos.
_ Certo, obrigado Sigurd. Deixe que eu cuide disso – Fei apertou os punhos – Eu vou destruir Deus. Mesmo que me custe tudo o que tenho...
_ Fei... Você tem certeza disso?
_ Bart... ?
_ Sei no que você deve estar pensando agora – Bart continuou, de rosto baixo – Se você destruir Deus... a proliferação das nanomáquinas que estão pra transformar o próprio planeta numa arma vai parar... Mas, se você terminar perdendo Elly, que foi unida a Deus pra esse mesmo propósito, então de que vai adiantar?
_ Mas...
 _ É verdade, Fei – concordou Sigurd – Ela é nossa amiga, que passou por muita coisa conosco, também. Eu penso que salvar uma amiga querida é tão importante quanto proteger nosso planeta ou salvar o mundo. Que melhor razão existe para lutar? Se não se pode nem salvar seus amigos, então como se poderia salvar o mundo? Não concorda?
_ É, o Sig tem razão – Bart apoiou – Nunca, jamais desista, Fei. Não importa o que aconteça! Você é o único que pode libertar Elly do feitiço de Deus. Mas nós vamos te dar tanto apoio quanto pudermos. Então...
_ Muito obrigado... Bart, Sigurd. Eu não vou desistir.
_ Você se voluntariou a lutar pelo jovem mestre e o resto de nós – Sigurd acenou em cumprimento – Então, é a nossa vez de lutar por você e Elly. Vamos, Fei... Conseguir a verdadeira liberdade!! Lançamos a Yggdrasil?
_ Vai nessa, Sig! Fei, Citan, vamos pros Gears! Quando chegarmos na área da queda da Merkava, saímos e fazemos um reconhecimento, e ainda testamos aqueles desmontadores do Taura!
_ Chamando...
Os quatro se voltaram, e só então perceberam Emeralda parada de pé atrás deles, olhando fixamente para Fei. Havia algo muito sério em seu rosto e Fei, estranhamente, sentiu que podia entender.
_ Chamando...? O que você...
_ Chamando... No farol... Chamando.

  

FOGO FRIO SE AGARRA AO MEU CORAÇÃO

Nenhum comentário:

Postar um comentário